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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Abordo do Junco Vermelho – A viagem da Grande Família Moy Yat a China.


Acredito que todos os praticantes de Ving Tsun Kung Fu no mundo inteiro sempre tiveram a curiosidade de ver e saber como os ancestrais deste estilo de Kung Fu mais famoso no mundo viveram e morreram.
Eu como praticante sempre tive a curiosidade de ver onde esses Mestres do passado aprenderam suas Artes, e ver o caminho que o Ving Tsun tomou desde o Monastério Shaolin (Siu Lam) até sua ida a New York em 1973.
A chegada de Grão-Mestre Moy Yat em New York em 1973, deu inicio ao um novo capitulo na história deste estilo de Kung Fu, ajudando a preserva-lo em pleno secúlo 20, mantendo suas tradições e seu legado. Graças a isso, o cidadão do secúlo 21 pode fazer uso dessa ferramenta para ajuda-lo a compreender as mudanças e transformações que acontecem em nossas vidas.
Nossa viagem teve inicio no dia 01 de novembro de 2009, com nossa chegada a New York, com objetivo de encontrar a delegação Americana que estava sendo liderada pela Matriarca de nossa Familia Kung fu Helen Moy.
No dia 04 de novembro partiamos para a Hong Kong, com muita expectativa no coração e com o objetivo de poder refazer nossa Genealógia.


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Mestre Léo Imamura e seu discípulo Walter Roberto Correia participaram do Forum de “ARTES MARCIAIS” na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.


Adequação dos fundamentos técnicos das artes marciais é tema de fórum na Alesp


A Comissão de Esporte e Turismo, presidida pelo deputado Vicente Cândido, PT, com o apoio da Liderança do PT, realizou o I Fórum Paulista de Artes Marciais nesta segunda-feira, 21/9, no Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa. O objetivo do evento foi discutir, com professores e alunos de Educação Física, profissionais de artes marciais e esportistas, as perspectivas acadêmicas e profissionais das artes marciais no Estado, promovendo o estudo das demandas e perspectivas de aproximação acadêmica e profissional entre as áreas de artes marciais, modalidades esportivas de combate e Educação Física.Walter Roberto Correia, professor da Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo, preocupado com a adequação dos princípios tradicionais das lutas marciais à sociedade moderna e às consequentes políticas públicas que incentivam a prática esportiva, crê ser necessária a atualização dos processos acadêmicos e profissionais.Como as políticas públicas são voltadas para todos os segmento sociais, o que inclui crianças, idosos e portadores de deficiência física, elementos para os quais as artes marciais não foram pensadas em sua origem, Correia afirma que há a necessidade da adequação dos procedimentos esportivos da modalidade e que os educadores e legisladores devem estar atentos a este fato. Este foi o motivo de trazer o assunto para a Comissão de Esportes e Turismo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Denominação “Moy Yat Ving Tsun”, o Grande Legado de Grão-mestre Moy Yat

A Denominação “Moy Yat Ving Tsun”, o Grande Legado de Grão-mestre Moy Yat

Por Leo Imamura

Introdução

A Denominação “Moy Yat Ving Tsun” tem sido sinônimo de excelência na preservação do Sistema Ving Tsun no mundo todo. Reflete o legado de um dos maiores mestres de Artes Marciais do Século XX, Grão-mestre Moy Yat (1938-2001).
Concebida em 1957 e instituída em 1964 na cidade de Hong Kong, então uma colônia britânica na China, sua dimensão ganhou importância quando foi introduzida em 1973 na cidade de New York nos Estados Unidos, o epicentro do Ocidente.
Em 2002, a Denominação “Moy Yat Ving Tsun” teve sua importância reconhecida na própria China, quando o Museu de Foshan posicionou Moy Yat como o único discípulo do Patriarca Ip Man radicado no Ocidente (juntamente com o legendário Bruce Lee) em destaque no Ip Man Museum, órgão oficial chinês para a preservação do legado da mais importante linhagem do Sistema Ving Tsun.
Em sua homenagem (traduzido da versão em Chinês), foi escrito o seguinte:

Moy Yat (1938-2001), natural de Duen Fan, Toi San, Kwong Dung. Desde cedo voltou-se às artes marciais. Mais tarde seguiu Ip Man para praticar. Em 1965 fundou em HK a “Ving Tsun Moy Yat Gwok Sut Gin San Hok Yuen”, onde foi a referência primária por anos, seus discípulos sendo inúmeros.
Em 1973, Moy Yat levou sua habilidade para a América e em New York continuou estabelecendo escolas e aceitando alunos. Freqüentemente, ele ia a várias nações ministrar seminários. Seus discípulos também fundam escolas e aceitam alunos em todos os cantos. Ele enfatizou que seus dai ji (discípulos) “reverenciassem os mestres e valorizassem o caminho, mantivessem os ritos e tivessem cuidado e respeito”. Por isso, mereceu a admiração de colegas de trabalho e de tung mun (co-discípulos). O conhecimento de Moy Yat era amplo: escultura, inscultura, pintura e literatura. Além de compor artigos, ainda atuou como consultor deste museu. Pode ser considerado como possuindo man (intelectualidade) e mo (marcialidade) ambos persuasivos.

Entretanto poucos sabem exatamente do que essa denominação diz respeito. Sua complexidade de conceito, típica de um intelectual como Moy Yat, raramente é alcançada por uma pessoa que pouco conhece sobre a cultura chinesa.
O objetivo deste artigo é apresentar pela primeira vez em língua espanhola os pensamentos desse que foi um dos principais discípulos de Ip Man de repercussão internacional, segundo o próprio Curador do Museum of Foshan, Leung Kwok Ching.
É importante frisar que estes pensamentos serão expressados por mim, conforme minha própria compreensão.
Obviamente, não tenho autoridade para falar em nome de Moy Yat – ninguém a tem -, mas após trilhar o caminho das Artes Marciais por 36 anos e segui-lo por 14 anos, quando tive o privilégio de ter sido objetivo do compartilhamento de suas reflexões, penso que tenho o direito de opinar sobre seu importante legado.
Tudo que aprendi sobre a cultura chinesa foi dentro da relação mestre-discípulo.
Grão-mestre Moy fazia uso do dialeto cantonês para pronunciar os termos chineses. Assim, será esse dialeto que usarei para discorrer sobre os conceitos-chaves do pensamento de meu mentor. Em caso de expressões chinesas consagradas no dialeto oficial, eu os mencionarei entre parênteses logo após a expressão em cantonês.
Minha estratégia para introduzir ao leitor os pensamentos de Moy Yat será apresentar sua arte, sua pessoa e seu legado.
Espero que o leitor aprecie meu trabalho.

Sua arte: o que é o Sistema Ving Tsun?

Apresentar o Sistema Ving Tsun não é uma tarefa fácil. Afinal, como identificar as qualidades distintivas que o faz ser único?
Lembro-me das críticas de Moy Yat sobre a forma como que o Ving Tsun era apresentado:
“A arte marcial mais eficiente do mundo”
“ Um estilo de Kung Fu rápido de aprender”
“ A arte chinesa de mais famosa do mundo”

Tudo isso é muito ingênuo, pretensioso, infantil. Essas expressões hipérbolicas denotavam uma ignorância que um intelectual como Moy Yat lutava bravamente para esclarecer. Ele, mais que ninguém sabia das qualidades do Sistema Ving Tsun. Mas também conhecia as qualidades das outras manisfestações artísticas, - particularmente as marciais - , visto que era um profundo conhecedor das artes clássicas chinesas.
A grande questão é evitar a parcialidade para expressar o todo. É o perigo do rótulo, da generalização. Por este motivo, não desejo definir (“marcar um fim”) o Sistema Ving Tsun. Mas posso perfeitamente fazer uma proposição para o seu entendimento. Dar um ponto de partida que estrategicamente me permita alcançar a compreensão plena do significado.
Assim, é a título de proposição e não de definição que apresento o Sistema Ving Tsun da seguinte maneira:

O Sistema Ving Tsun é um sistema chinês de Inteligência Estratégica, cuja elaboração é atribuída à Fundadora Yim Ving Tsun. É’ integralizado por seis listagens de dispositivos corporais de combate simbólico: Siu Nim Tau, Cham Kiu, Biu Ji, Mui Fa Jong, Luk Dim Bun Gwan e Baat Jaam Do.

Vejamos os pontos apresentados nesta proposição:
1. Sistema Chinês de Inteligência Estratégica
A Inteligência Estratégica (Kung Fu) é a habilidade de explorar o potencial (Sai) de transformação de uma situação (Yeng), atuando sobre as condicionantes para se alcançar um efeito.
Sua sistematização, dentro do pensamento chinês, obedece o funcionamento bipolar de união e interdependência, os consagrados Yin-Yang (Yan-Yeung).
Denominada Hai Tong, esta concepção chinesa foi fruto da necessidade de desenvolver um sistema sustentável que fosse capaz de antecipar o inesperado, a partir do reconhecimento de que era impossível modelar a evolução natural de uma tendência, já que ela é constantemente mutável.
Por isso que os sistemas clássicos chineses, também chamados de “sistemas de variação”, são compostos por listagens de possibilidades de mudança, a fim de explorar o potencial (Sai) de cada configuração particular (Yeng).
Com base nessas listagens, um Hai Tong apresenta uma variação da lógica (Lei) em situações que vão de um extremo a outro e permite identificar o desvio que a diversidade de cada situação (Yeng) a ser encontrada oferece, tal qual acontece amplamente com a realidade. Esta variação é identificada por domínios (Lin Wik), que são manifestados através de cenários previstas pelo próprio sistema (Sau), cenários que necessitam de uma avaliação circustancial caso a caso (Po) e cenários não previstos pelo sistema (Lei).
Grão-mestre Moy Yat expressava tudo isso num único aforismo:
“A finalidade do Sistema Ving Tsun é tornar uma pessoa relaxada”.
Para ele, o todo Hai Tong por excelência deveria condur o praticante a um estado sustentável de relaxamento (Fong Song), pois, a partir do momento que sua prática propiciasse a concepção da realidade de um extremo a outro, ele estará apto a se apoiar no potencial de qualquer cenário que vida viesse a oferecer.

2.Domínios Representados por Listagens
Sob o ponto de vista chinês, as listagens bastariam por si mesmas para formar um todo completo, já que elas exploram a realidade de um extremo a outro.
Mesmo que o título e a disposição de seus dispositivos contribuam para uma noção lógica (Lei) para cada domínio (Lin Wik), nada necessariamente é especificado, comentado ou justificado com relação à suas modalidades técnicas (Fa). Portanto, a identificação da lógica (Lei) de um domínio (Lin Wik) pode parecer desconcertante, já que se alguns de seus aspectos parecem uniformes e regulares, outros conduzem para extrapolação dos limites de um ordenamento dado como certo. Exatamente como a vida se apresenta.
Cada característica (Fa Do) é portadora de manifestação simbólica que pode ser vista como um guia para a compreensão do Hai Tong como um todo ou em parte.
A partir da prática da listagem de domínios, o conhecimento teórico não alcança o seu significado e a experiência vivencial (Sam Fa) torna-se necessária para o cultivo da Inteligência Estratégica (Kung Fu).
No Sistema Ving Tsun, ela ocorre de modo intuitivo e sutil, bastando para tal explorar o potencial de transformação contínua de cada uma das seis listagens (Siu Nim Tau, Cham Kiu, Biu Ji, Mui Fa Jong, Luk Dim Bun Gwan e Baat Jaam Do) que o integralizam. Note-se que o “seis” não representa uma quantidade limitativa, mas a qualidade dos domínios que vão até o extremo da mudança, ensejando, através de dispositivos corporais de combate simbólico, a percepção do potencial que envolve cada realidade.

3. Dispositivos Corporais de Combate Simbólico
A escolha chinesa de usar dispositivos corporais para a constituição de um sistema de inteligência estratégica parece óbvia, pois a experiência corporal é considerada a mais próxima, a mais íntima, a mais direta e aquela que se pode menos duvidar.
Para os chineses, nada é mais natural do que utilizar os movimentos do corpo humano no sentido de frustrar a atividade dicotômica do pensamento, que petrifica a fluidez de uma tendência e impede que se perceba os sinais ínfimos da transformação que está por vir.
Pode-se dizer o mesmo do combate simbólico, onde, desde o Período dos Estados Combatentes (476 a.C a 221 a.C.), a cultura chinesa aceita sua natureza como a representação do caos, daquilo que não pode ser modelado. Os chineses perceberam que o combate era uma experiência emblemática para compreender o funcionamento bipolar, possibilitando que pólos opostos se comuniquem entre si e se percebam um ao outro em situações de crise, momento onde o isolamento humano está tão presente. Mas pelo fato do combate ser simbólico, é possível gerar vínculo com o adversário, a partir de situações de complexidade progressivas de gestão de conflito.
Chamados de Jiu Sik, os dispositivos corporais de combate simbólico são considerados pelos chineses como os mais apropriados para promover uma experiência de tamanha significação que impulsiona a pessoa que a viveu a estender para a conduta aquilo que se tomou consciência a partir do outro.
Experimentada então ao vivo, a reação proveniente desta relação derruba momentaneamente as barreiras da intenção interesseira, individualista que entorpecem a percepção para explorar o potencial inscrito naquela situação específica (Yeng).
Por isso, que os sábios como Mencius (Mong Ji) associaram o desenvolvimento humano com a inteligência estratégica.
Mas essa associação – do desenvolvimento humano com a inteligência estratégica - com o combate simbólico só foi possível porque há 2.500 anos surgiu na China um fenômeno de importância cultural única: a feminilização da guerra.

4. A Feminilização da Guerra
Ao atribuirmos a Fundadora Yim Ving Tsun a elaboração das listagens de dispositivos corporais de combate simbólico que compõem o sistema que posteriormente levou o seu nome, preserva-se uma longa tradição de mais de 4.500 anos, quando Wong Tai, o Imperador Amarelo, recebeu um livro de caráter estratégico de uma exótica figura feminina. Esta obra defendia que a eficácia se ocultava baixo à máscara da delicadeza e da fragilidade representada pela atitude feminina.
Contudo, a feminilização da guerra só foi consagrada por Sun Ji, cerca de 2.000 anos depois, através da obra conhecida hoje como “A Arte da Guerra” (Sun Ji Bing Fa), onde a eficácia da guerra estratégica é consagrada no campo do feminino.
Isso implicava numa ruptura drástica com a atividade guerreira até então vigente, pois o combate era, acima de tudo, o palco onde se manifestava a virilidade dos guerreiros.
Ainda que a guerra continuasse a ser assunto de domínio masculino, as novas qualidades de um estrategista passaram a pertencer ao domínio do feminino, como a percepção, a moderação, a sustentabilidade da excelência, a antecipação, a intuição, a “não-ação”, a flexibilidade, a sutileza e a capacidade de lidar com a escassez de recursos, dentre outras.
Parece patente que os mestres do passado desejavam fazer do Sistema Ving Tsun um representante maior desta tradição. O próprio nome do sistema torna evidente este desejo e manter este legado é um compromisso primário de todos os descendentes da Fundadora Yim Ving Tsun.
De fato, não são comuns os sistemas chineses que são chamados a partir do nome do próprio fundador. No caso do Sistema Ving Tsun, foi uma homenagem dos descendentes legítimos da Fundadora àquela que se atribui a elaboração das seis listagens que integralizam o sistema.
A partir desse momento, iniciou-se uma tradição que vincula o acesso pleno ao Sistema Ving Tsun com os descendentes legítimos da Fundadora.
Ao longo das gerações, o Sistema Ving Tsun tem sido transmitido exclusivamente aos descendentes legítimos da Fundadora, onde cada geração posterior permanece vinculada à geração anterior até o desaparecimento desta. Esta solidez de relação entre mestre e discípulo permitiu uma evolução que conciliou a sabedoria dos praticantes do passado com a inovação dos praticantes do presente. Contudo, em meados do século XX, a internacionalização do Sistema Ving Tsun acelerou a deteriorização de seu processo de transmissão tradicional.
Grão-mestre Moy Yat, descendente direto da Fundadora e discípulo do Patriarca Ip Man, foi o primeiro mestre profissional de Ving Tsun consagrado no Oriente a emigrar para o Ocidente. Foi dele a iniciativa de empenhar seu próprio nome para resgatar o compromisso de seus antepassados para a excelência de transmissão do Sistema Ving Tsun.

Sua pessoa: quem foi Moy Yat

Moy Yat relata sua genealogia no Sistema Ving Tsun da seguinte forma:
O Ving Tsun Kuen Sut data da era Yung Jing dos Ching. Naquela época, o Monastério Siu Lam foi consumido por incêndio e cinco antigos foram viver reservadamente em famosas montanhas. Jo si Ng Mui fez permanecer seu bordão no Templo Pak Hok em Miu San, na fronteira de Wan e Kwai. Tendo casualmente presenciado uma serpente e uma garça combatendo-se uma à outra, percebeu um novo kuen fat. Havia pouco, Yim Ving Tsun estava sendo compelida por um tirano local a com ele se casar. Ela conseguiu que Ng Mui a ensinasse o recém-criado kuen sut. E valeu-se da punição do malvado para proteger-se a si própria. Ato contínuo, devotou-se a coligir o referido kuen sut, tendo o segmentado em Siu Nim Tau, Cham Kiu, Biu Ji, Mui Fa Jong, Luk Dim Bun Gwan e Baat Jaam Do. A descendência o celebrou, denominado-o Ving Tsun Kuen. Posteriormente, ela o transmitiu secretamente para seu marido Leung Bok Toa. Leung o transmitiu a Wong Wa Bo, que o transmitiu a Leung Lan Gwai, que o retransmitiu a Leung Yi Tai. Yee Tai o transmitiu para Leung Jan. Sr. Jan o transmitiu individualmente a Fung Wah e a Chan Wah Shun. E chung si Ip Man obteve “o manto e a tigela” de Chan em extremo. Ele é o atual jeung mun yan do Ving Tsun Pai. Eu, que modestamente me inscrevo entre os seguidores, soube de oitiva ter sido tal a sucessão da inapagável chama do kuen sut deste si mun. Destarte, minucio sua síntese, para a fazer saber aos pósteros e condiscípulos ainda por vir, e apenas isso. Registou Moy Yat.

Este é o único registro sobre a genealogia do Sistema Ving Tsun escrito sob supervisão do Patriarca Ip Man. Mais que um documento é uma obra de valor artístico inestimável que envolve várias artes clássicas chinesas.
Esta obra representa bem quem foi Moy Yat. Um homem de várias excelências que acima de tudo era um pensador clássico chinês. Por isso sempre se empenhou em alcançar a completude entre man - as chamadas “artes delicadas” - com mo - as conhecidas como “artes viris”. Foram deles estas palavras:

O fruto de man pesado com mo leve é o ‘erudito desviril’. A consequência de man leve com mo pesado é o ‘boi belicoso’. Nenhum dos dois cheira bem. Toda a gente sabe que o ideal é alcançar ‘capacidade em man e talento em mo’, ‘man e mo ambos perfeitos’.

Este tipo de pensamento foi adquirido durante sua formação com o Patriarca Ip Man, quando acompanhava seu mentor nos encontros com os maiores intelectuais chineses de Hong Kong. Moy Yat reunia um histórico de prática e conhecimento inigualáveis. Treinado em man e mo diligentemente pelo patriarca cerca de 10 horas por dia, convivendo com ele 7 dias por semana - ao estilo de uma tradicional Família Kung Fu - Grão Mestre Moy Yat teve o privilégio de, em pleno Século XX, receber de seu tutor os ensinamentos não só da técnica, como de sua extensão para a conduta no dia-a-dia, da mesma forma tradicional como mestre e discípulo transmitiram seu legado marcial na China ao longo dos séculos.
Por ser um pensador clássico chinês, compreendia como poucos de sua geração sobre a importância da transmissão tradicional do Sistema Ving Tsun.
O conceituado jornalista brasileiro Pyr Marcondes descreveu Moy Yat como não apenas como um exímio praticante do Sistema Ving Tsun: era um sofisticado, tradicional e memorável Grão- mestre do Ving Tsun.
Quando chegou com sua família aos EUA, no ano seguinte da morte do Patriarca Ip Man, Moy Yat era já uma das maiores autoridades do mundo no Sistema Ving Tsun.
Para muitos, - como o famoso editor inglês Bey Logan -, ele era considerado o braço direito de Ip Man.
Em 1973, em New York, Grão Mestre Moy Yat fundou a Moy Yat Ving Tsun Kung Fu Special Student Association. Como o próprio nome diz, uma escola para estudantes especiais, para poucos.
Enquanto a transmissão do Ving Tsun se popularizava, após a explosão de demanda promovida por Bruce Lee, Grão Mestre Moy Yat seguia preservando o coração da arte e sua mais alta excelência de forma cautelosa e qualificada.
Foi esse rigor à tradição que gerou um dos mais importantes centros de Ving Tsun de alta excelência do mundo, tendo sido constituído a partir dele também a Grande Família Moy Yat, um dos mais importantes famílias da história do Ving Tsun moderno.
Grão Mestre Moy Yat foi um profundo conhecedor da cultura da China, consultor de entidades de renome - como o Natural History Museum de New York - e também um autor de vários artigos e livros, pensador e artista plástico. Suas pinturas e gravuras, bem como seu domínio na exclusiva arte de cunhar selos tradicionais da China, colocam-no como importante referência no Ocidente para essa arte tão pouco conhecida.
Por seu brilhantismo como expressão maior da cultura chinesa no Ocidente, ele foi a ponte que uniu a passado e o presente, valorizando a prática do Ving Tsun tradicional no contexto da realidade moderna das sociedades contemporâneas.

Seu Legado: afinal o que é a Denominação Moy Yat Ving Tsun?
Como todo sábio chinês, Moy Yat nunca expressou formalmente o que seria a denominação Moy Yat. No fim de sua vida, ele insistia com seus principais discípulos que compreendessem melhor o processo da transmissão do Sistema Ving Tsun. Assim, em diferentes momentos, de acordo com a propensão de uma tendência, ele ia explicando para cada discípulo a importância do seu legado, a Denominação Moy Yat Ving Tsun.
As dificuldades de honrar a Denominação Moy Yat Ving Tsun tornaram-se evidentes depois de sua aposentadoria oficial em 28 de junho de 1997, pois se percebeu que o compromisso da Denominação Moy Yat Ving Tsun não era compreendida por todos os seus descendentes.
Em 24 de março de 2000, numa reunião com a presença de muitos dos seus principais discípulos, Grão-mestre Moy Yat alertou pela última vez em vida sobre a importância da Denominação Moy Yat Ving Tsun e o compromisso de excelência na preservação do Sistema Ving Tsun assumido por seus descendentes. Na ocasião, ele alertou sobre injustiça que seria para as próximas gerações, se eles transmitissem o Sistema Ving Tsun sem este comprometimento que caracteriza sua linhagem.
Em 10 de setembro de 2.000, na cidade do Rio de Janeiro, Grão-mestre Moy Yat realizava a terceira etapa de sua última viagem ao Brasil. Ao passar pela Praia de São Conrado, ele solicitou a mim, Leo Imamura, para elaborar um programa de instrumentalização da Denominação Moy Yat Ving Tsun.
Na ocasião Grão-mestre Moy Yat relatou que numa então recente experiência na confecção de bonecos de madeira denominados “Muk Yan Jong”, ele observou como um de seus discípulos havia construído equipamentos, - particularmente uma caixa de metal (metal box) engenhosamente desenvolvida -, para a produção destes aparelhos tradicionais. Ele ficou muito impressionado com a velocidade de confecção e a qualidade dos bonecos produzidos ao comparar com os carpinteiros de Hong Kong.
Assim Grão-mestre Moy Yat compartilhou comigo sua impressão sobre a importância da instrumentalização da Denominação Moy Yat Ving Tsun ao afirmar que “os americanos sempre produzem um instrumento (tool) para realizar suas tarefas”. Logo a seguir, completou seu pensamento ao dizer que “sem a criação de um instrumento (tool), o Sistema Ving Tsun não irá sobreviver no próximo século.”
Para instrumentalizá-lo, achei fundamental propor uma noção do que consistia a Denominação Moy Yat Ving Tsun. Depois de 5 anos de estudos específicos, consultando meus co-discípulos, revendo anotações pessoais, estudando todos os seus seminários e palestras, apresento a seguinte proposição:

A Denominação Moy Yat Ving Tsun é uma denominação que representa o compromisso, assumido por Grão-mestre Moy Yat (1938-2001) com os seus descendentes legítimos, de formação completa para a transmissão pura da listagem integral dos seis domínios do Sistema Ving Tsun.

. Compromisso de Grão-mestre Moy Yat com seus Descendentes Legítimos
Dificuldade de acesso legítimo à listagem integral de cada domínio, falta de tutoria qualificada para a transmissão pura e condições desfavoráveis para a formação completa do praticante foram os principais fatores que afetaram a preservação do Sistema Ving Tsun ao longo de sua história.
No entanto, a situação tornou-se crítica durante o seu processo de internacionalização, iniciado na metade do século XX.
As estruturas locais não sustentavam mais a demanda global proporcionada pelo interesse crescente pela prática do Sistema Ving Tsun. Neste novo cenário, qualquer praticante com habilidade mínima era considerado um mestre por estrangeiros que ignoravam as qualidades distintivas do sistema.
Quando Grão-mestre Moy Yat se estabeleceu na maior cidade dos EUA, New York, ele era o único praticante de Ving Tsun em solo americano com experiência profissional em Hong Kong, berço do Ving Tsun contemporâneo, e naturalmente se transformou no grande pilar da arte no Ocidente.
Um renomado conhecedor das artes tradicionais chinesas, ele decidiu então empenhar seu nome para explicitar seu comprometimento com a formação completa para a transmissão pura da listagem integral dos seis domínios do Sistema Ving Tsun, a fim de demonstrar a importância de estender para a conduta a consciência de si despertada pelo outro, processo tradicional denominado Sam Faat que Grão-mestre Moy chamava de “Kung Fu Life” (Vida Kung Fu). Para ele, um sistema de Kung Fu por excelência só seria importante se propiciasse que um praticante pudesse incorporar sua lógica interna e comprender esta lógica no mundo externo.
Respeitando os demais discípulos de seu mestre, Moy Yat nunca quis impor a importância deste pensamento para ninguém. Por isso, por humildade, denominou este compromisso de excelência com seu próprio nome. Este era o compromisso por ele para com os seus descendentes. Nunca foi intenção de meu mentor julgar qualquer outro trabalho de preservação ou promoção do Sistema Ving Tsun. Mas ele sabia também que era necessário preservar o Sistema Ving Tsun de uma maneira menos popular, respeitando sua natureza sofisticada tão difícil de explicar para o homem moderno.
Nascia, dessa forma, a Denominação Moy Yat Ving Tsun, um compromisso assumido posteriormente por descendentes legítimos de Grão-mestre Moy Yat e que passou a caracterizar sua linhagem.
Portanto, é um grande equívoco considerar que a Denominação Moy Yat Ving Tsun represente a interpretação pessoal de Moy Yat sobre o Sistema Ving Tsun. Se assim fosse a denominação seria Moy Yat’s Ving Tsun. O que não é o caso.
Para que a Denominação Moy Yat Ving Tsun tomasse forma, Grão–mestre Moy Yat partiu da idéia de transmissão pura como potencializador da extensão para a conduta da consciência de si através do outro, decorrente da experiência marcial proporcionada pelos seis domínios do Sistema Ving Tsun.

2. Transmissão Pura
A idéia da transmissão pura surge a partir do reconhecimento de uma relação radical (de raiz) entre as pessoas (Bun Sam) e que como uma experiência transindividual pode promover a tomada de consciência de si mesmo através do outro (Yan).
Na China, desde os tempos imemoriais, houve uma atenção em associar a experiência que leva uma pessoa a tomar consciência de si mesmo através do outro (Humanidade) e a sua efetivação para a conduta (Retidão).
O conceito de transmissão pura defende a importância uma pessoa aprender de si mesma através da outra, em vez de receber o ensinamento externamente de outro. Esse tipo de aprendizado, por ser intrínseco a própria pessoa, incorpora naturalmente a ela e, por isso, potencializa a capacidade de estender para a conduta o que foi aprendido.
Portanto, a transmissão pura tem característica incitativa, pois provoca o tutorado a aprender por si mesmo. Por outro lado, a transmissão pura também é indicativa porque se contenta em apenas sugerir, pois evita contaminar o processo de aprendizagem do tutorado com as idéias do tutor. Por apenas começar a dizer, ela se alastra de forma tão discreta, que não cessa de conduzi-lo a outros aspectos, fazendo-o considerar outras propensões, não então percebidas.
Para exercer estas características, a transmissão pura deve ater-se aos efeitos dos dispositivos corporais de combate simbólico (Jiu Sik) como provedor de experiência transindividual. Este dispositivo não tem valor de exemplo, mas de um traço individual, apreendido localmente, que se vê, que é patente, e que, ao aparecer, remete a um fundo oculto, que é revelador de uma globalidade, de uma sabedoria, do caminho que está presente em toda parte.
O Jiu Sik é um dispositivo que não tem a consistência de uma idéia e, por isso mesmo, não se consegue deixar de ser “impregnado” por ela. Em vez de forçar o pensamento, ela se infiltra nele, de forma contínua e variável. A engenhosidade para que o Jiu Sik assim atue está na sua disposição (ordem) na listagem integral dos domínios do Sistema Ving Tsun.
Por essa razão, os grandes mestres sempre relutam de decifrar o significado de uma técnica para os seus discípulos. Em vez disso, um bom mestre cria ambiência, objetiva – conteúdo programático, material didático - e subjetiva – metodologia, transmissão qualificada - , para que o discípulo descubra por si mesmo o seu significado, que pode ser perfeitamente diferente ou não.

3. Listagem Integral
A listagem integral é fundamental para a construção de uma ambiência objetiva necessária para a transmissão pura do Sistena Ving Tsun. Cada uma de suas seis listagens de dispositivos corporais de combate simbólico representa a integralidade de um domínio , assim descritos por Grão-mestre Moy Yat:
Siu Nim Tau
“O Siu Nim Tau divide-se em três seções. Toma os sau faat Taan, Bong e Fuk por principais. É o mais importante kuen sut no treinamento deste mun.”
Cham Kiu
“O todo do Cham Kiu divide-se em três seções. Esse kuen enfatiza exercitar o yiu ma para que se torne ágil, na esperança de que a tríade san, sau e ma seja unidade e que as ações sejam coesas.”
Biu Ji
“Biu Ji, três seções. Considera a ponte curta proteger cortando a Linha Central e o ging rápido e poderoso como aspectos principais. Também se lhe chama Gau Gap Sau. O Huen Ma e o Gam Jaang e todas as técnicas utilizadas nesse kuen são alicerce indispensável para aquele que aprenderá Mui Fa Jong. “
Mui Fa Jong
“O Mui Fa Jong, porque lembra a figura humana, é também chamado Muk Yan Jong. Perfaz 108 sik. Plantado no solo ou elevado no ar, ambos são possíveis. A madeira do pessegueiro para o jong san é particularmente boa.”
Luk Dim Bun Gwan
“O Luk Dim Bun Gwan toma o ombro por meio. Reúne-se o lik do cheung kiu de ambos os braços em um ponto e rapidamente se arremessa seis movimentos em direção a posições dessemelhantes. Esses são os seis pontos. Ainda há um gesto que, a partir do jung sin do alto, descreve um arco para baixo, e é o meio ponto. Por isso, o nome. O gwan fa é impetuoso e acurado. Por isso se diz gwan mo leung heung.”
Baat Jaam Do
“O Baat Jaam Do divide-se em oito seções. O comprimento da lâmina é de um pé inglês. Toma o Jaam e Biu por principal. O início da primeira parte consiste em fazer Jaam e Biu em direção ao jung sin. Quatro vezes com cada. Por conseguinte, sua denominação. Esse do faat representa o mais alto nível deste mun e é sigilo reservadíssimo. Logo, os que obtêm a autêntica tradição dessa técnica escasseiam.”
Cada uma destas listagens desenvolve um ângulo de visão que passa de um para outro, sem se deter em nenhum deles. Esta variação mantém os seis domínios do Sistema Ving Tsun dinamicamente abertos e interligados em duas trilogias distintas.
Desta forma, Siu Nim Tau, Cham Kiu e Biu Ji, todos Kuen Fa, modalidade técnica de Mãos Livres, compõem a Trilogia Fundamental do Sistema Ving Tsun. Grão-mestre Moy denominava-a de Ving Tsun Saam Cheung. Em contrapartida, Mui Fa Jong, Luk Dim Bun Gwan e Baat Jaam Do representam, respectivamente, as modalidades técnicas Jong Fa, Gwan Fa e Do Fa, compondo a Trilogia Superior do Sistema Ving Tsun.
Ao mesmo tempo em que assegura a tripartição dos papéis, o Sistema Ving Tsun se apresenta em funcionamento bipolar, como uma dualidade.
Com essas particularidades, o Sistema Ving Tsun consegue ser estável, dinâmico e inovador ao mesmo tempo. Sendo duas trilogias, o sistema passa a ter dois centros que oscilam de um para outro, permitindo abraçar todo o real e explorar as suas possibilidades, assegurando simultaneamente estabilidade (Sau) e dinamismo (Po).
Mas o brilhantismo dessa configuração de duas trilogias está no fato de que elas podem ser consideradas duas fases de três conjuntos. A inter-relação de ambas enseja o aparecimento de uma terceira fase (Lei) que garante a evolução do Sistema Ving Tsun.
Originalmente cada domínio era composto apenas pela listagem dos dispositivos corporais de combate simbólico característicos. Hoje, eles são chamados de Conteúdos Principais e levam o nome da listagem original.
Ao longo das gerações, porém, conteúdos adicionais foram desenvolvidos para melhor capturar e ativar toda eficácia possível da disposição dos jiu sik dos Conteúdos Principais. Por isso, são chamados de Conteúdos Associados.

Portanto, uma listagem é considerada integral somente quando os Conteúdos Associados empregados, ativam plenamente a ação dos jiu sik dos Conteúdos Principais.
Ao conjunto formalizado dos Conteúdos Principais e Conteúdos Associados denomina-se de Nivel de Treinamento e cada um leva o nome do respectivo domínio.
Essa completude, decorre do ajuste de cada conteúdo para a particularidade do praticante em vivenciar a lógica (Kuen Lei) manifestada num domínio específico do Sistema Ving Tsun. Em outras palavras, estes conteúdos devem ter uma relação personalizada com o praticante.
Desta maneira, o simples fato de ter acesso curricular aos conteúdos previstos nos seis níveis de treinamento do Sistema Ving Tsun, não significa que um praticante usufruiu da listagem integral de um determinado domínio.

4. Formação Completa
A formação completa do praticante de Ving Tsun nasce da idéia que o desenvolvimento humano se realiza em duas dimensões: a primeira no próprio praticante de Ving Tsun, enquanto tomada de consciência de si mesmo através do outro; e a segunda fora do praticante, sendo a extensão em direção aos outros, do mais próximo ao mais distante.
Inspirado nas funções-chave Toei (impelir), Gap (atingir) e Gwong (propagar) do texto clássico do confucionismo Mong Ji, o conceito de formação completa engloba a Mobilização Intrapessoal (no próprio praticante) e Interpessoal (fora do praticante).
Quando Grão-mestre Moy Yat dizia a seus discípulos que aprender com seus próprios erros os impelia a usar o “cérebro do Ving Tsun”, ele estava se referindo à Mobilização Intrapessoal, ou seja, gerar condições de aprendizado a si mesmo.
Por outro lado, ao orientar seus seguidores a propiciar condições de aprendizado a outros para que fossem atingidos pelos dispositivos do Sistema Ving Tsun, ele estava enfatizando a Mobilização Interpessoal Direta.
Por fim, a Mobilização Interpessoal Indireta gera condições para que o outro propicie condições de aprendizado a um terceiro. Isto ficava claro quando Moy Yat insistia para que determinados discípulos não praticassem diretamente com seus respectivos alunos, visto que esta atitude impedia que eles preparassem outros a fazê-lo em seu lugar. Esta extensão atinge maior propagação, pois uma única pessoa pode mobilizar inúmeras outras.
É a formação completa que possibilita a ambiência subjetiva – qualificação necessária do tutor - para a transmissão pura da listagem integral dos domínios do Sistema Ving Tsun.
Pelo acima exposto, percebe-se que a Denominação Moy Yat Ving Tsun é um compromisso extremamente difícil de se colocar em prática. Mas honrá-lo é, acima de tudo, de tudo garantir que o Sistema Ving Tsun possa ser preservado com excelência dentro de suas qualidades distintivas para que as gerações futuras possam usufruir plenamente deste fantástico sistema chinês de inteligência estratégica.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Grão-Mestre Moy Yat - Lider da Moy Yat Ving Tsun Kung Fu


Nascido Moy Yit Kai na aldeia Yau Gam, vila Duen Fan, no distrito de Toi Shan da província de Kwong Tung, esse homem de sete instrumentos também assinava Moy Yat, Ah yat, Moy Go Yan, Ngau Gwu Chai Chu e Bing Heong Tong Chu. Embora sua mãe, a sra. Moy Chan Bik Sheung, o tenha dado a luz a 27 de junho do ano tigrino de 1938, Moy Yat sempre preferiu anunciar seu aniversário natalício como 28 de junho, crente na auspiciosidade do número oito. Populacho, ao nascer, já tinha ele um irmão, Moy Yat Jun, e irmã, Moy Mo Cheng.


A perda do pai, o pintor Moy Chung Lan, ocorrida em sua meninice, deixou em dificuldades a sr. Moy, que se viu responsável pela criação do filho caçula sem a tão importante figura paterna.


Talvez seja possivel dizer que essa mesma perda tenha, também, feito germinar no espírito daquele jovem a semente do seu desejo de aprender Kung Fu.


Quatro anos após sua mudança para Hong Kong, em 1953, foi apresentado ao venerado chung si IP Man por Moy Bing Wah , quando teve a oportunidade de iniciar seu aprendizado de Ving Tsun Kuen, o que se deu no mo Kwun do Lee Uk Estate, um dos mais pobres e antigos conjuntos habitacionais da cidade, onde, além de não haver sequer condições básicas de saneamento, o espaço era enormemente restrito.


Como discípulo, pôde aprender a arte através do tradicional método de transmissão que , mais tarde, ele denominaria “vida Kung fu”, tendo tido a rara oportunidade de compartilhar, por cerca de 15 anos o dia-a-dia de seu Si Fu, a ponto de chegar a ser considerado por muitos o seu braço direito.


Tornou-se, aos 24 anos, na linha direta de descendencia da fundadora, o mais jovem dos Si Fu de Ving Tsun legitimamente reconhecido perante a tradição até aquele momento.


Sua carreira teve inicio em 1962,quando inaugurou o Ving Tsun Moy yat Kin Hok Yuen (instituto de saúde de Moy Yat do Ving Tsun), em Mong Kok, Kowloon. Em 1973, após o falecimento de seu Sifu no ano anterior, imigrou com a familia para Nova Iorque, onde fundou Mo Kwun em dois endereços: o primeiro, no Brooklin, a que intitulou Ding Lek Mo Kwun, inaugurado no ano que seguiu ao de sua chegada á cidade, em parceria com um colega, Si fu de Bak Hok Kuen, o outro teve inicio no ano de 1979, em chinatwon, primeiramente no 2°, e finalmente, no 6° andar de um mesmo prédio, onde ainda permanece.


Talves porque conduzisse o ensino segundo os moldes clássicos, com extrema discrição, muitos chegaram a crer que ele, de fato, não ensinava Ving Tsun. Obviamente, o elevadíssimo nível dos mestres formados sob sua tutela, dentre os quais não poucos estão as maiores autoridades vivas da arte, revela precisamente o contrário. A aparente negligência pedagógica nada mais era que apurada e sutil eficácia, manifestação disfarçada do mais alto grau de maestria, do qual se espera que os efeitos advenham, mas seu autor não seja a eles associado. è o que a melhor filosofia ilustra através de expressões como Kwong tak yuek bat juk ” a larga virtude parece insufuciente”, ou tai bak yeuk yuk, a “grande candura parece ultraje”.


Em 28 de junho de 1997, anunciando sua aposentadoria, por ocasião da festa de celebração de seus 60 anos, Moy yat desobrigou-se formalmente de seu cargo de Si Fu, certo de tê-lo bem cumprido, após 35 anos de aturada dedicação.


Afora ter permitido a continuidade do legado ancestral por mais gerações, tarefa que , agora, é continuada por seus discípulos, teve seu próprio nome identificado á mais alta qualidade de Ving Tsun : associar Moy Yat ao Ving Tsun é significar Ving Tsun puro.


Moy Yat também exercitou bastante sua veia de escritor. Levam sua assinatura os seguintes livros: Suen Hak Yip Tam ( dispersos sobre inscultura sigilar ), 108 Muk Yan Jong, Ngau Gwu Chai Yan Po ( catálago sigilografico do “Ngau Gwun Chai”, Ving Tsun Kuen Kuit, A legend of Kung fu Masters, Ving TsunTrilogy, Dummy - A tool for Kung fu e Luk Dim Poon Kwan.


Além dos livros, o Grão-Mestre foi, também, autor de vide-teipes, mormente sobre Ving Tsun. Iniciou sua obra com um vídeo produzido por Moy Tung, no ano de 1987: Stories of zen.


A ele, se seguiram algumas dezenas de outros, dos quais são exemplos: Ving Tsun essencial, Moy Yat’s World, We are from the red boat, The lock, etc.


O mo lan go sao deixou sua habilidade se espraiar tambem pelo campo das artes delicadas. Nele, não teve formalmente professor algum, tendo se consagrado como auto-didata. Seus principais trabalhos estão nas áres da pintura, da caligrafia e da inscultura Sigilar.


Organizou, em 1974, o Mei Tung Su Wa Wui (associação de Pintura e Calirafia do Leste Americano), onde ensinou Inscultura Sigilar. No ramo artístico, veio a atuar, ainda, junto ao The Museum of Natural History e a academy of chinese arts, ambas as instituições sediadas na cidade de Nova Iorque.


Seu brilhantismo na pintura pode ser visto através de uma de suas criações, os bem conhecidos Blush Strokes, imagens monocromáticas abstratas de traços simples e cunho erótico.


A obra não encontra precedentes na arte chinesa, na qual os temas recorrentes têm sido, há séculos, figuras humanas, motivos religiosos, paisagens, flores, animais, insetos e assim por diante.


Na inscultura Sigilar, se comprazia em explorar os diferentes materiais existentes e suas possibilidades de gravação. Buscando inovar, chegou a pôr brocas à prova na abertura de materiais de dificil talhe, como o marfim, o jade e o cristal. Além disso, aventurou-se a insculpir selos com caracteres ocidentais, a fim de permitir a apreciação da arte por um maior número de pessoas.


O polímata estudou ainda outras manifestações culturais de seu povo, tais como a ópera, a música, a poesia, a literatura, a medicina tradicional. Suas aptidões sempre foram amplamente reconhecidas por seus pares, que sempre lhe ressaltaram a genialidade e a versatilidade, inclusive postumamente. E, 2002, por exemplo, foi disposta, no Disciples Room do Ip Man Musem, na china, sua sucinta biografia bilingue(ingles/chinês), mencionado-o entre os principais seguidores do ultimo patriarca. Nela, foi dito possuidor de Ma Mo Seugn bing, “man e mo ambos pervasivos”. É pena que tal não registra o texto em inglês.


O dono desse opulento cérebro, que conseguiu ser especialista em tantos assuntos, distantes uns dos outros, e em todos com proficiência, seriedade e desvelo, deixou este mundo a 23 de janeiro de 2001 - o vigésimo nono dia duodécimo mês, os ultimos dias e mês, do ano do dragão - em sua prórpia residência, no Queens. O sepultamento ocoreu deze dias depois, no Kensico Cemetery, onde foi fincada a lápide até a qual vão remebrá-lo os seus, de tempos em tempos. Seu assento ficou vazio, mas seu legado perdura através dos livros que escreveu, dos quadros que pintou, dos selos que insculpiu, dos mestres que forjou e, acima de tudo, através do entusiasmo que instilou - e que ainda instila - em cada um dos que a sorte escolheu - e que ainda escolheu - para tomar com sua monumental obra.


segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Registro Genealogico do Sistema Ving Tsun - Uma Arte marcial Chinesa















Esse registro foi feito em pedra por Grão-Mestre Moy Yat. Sendo que o mesmo teve a preocupação de deixar para as futuras gerações o registro genealogico de nossa legado.
Abaixo passo para todos a tradução para o português do registro feito em chinês:

O Ving Tsun Kuen Sut data da era Yung Jing dos Ching. Naquela época o Monastério Budista Siu Lam fora consumido por incêndio, os cinco antigos tendo-se asilado em renomadas montanhas. Jo Si Ng Mui “assentou seu bordão” no Monastério Taoísta Bak Hok da Montanha Miu, na fronteira entre Wan e Kwai. Tendo casualmente presenciado uma serpente e um grou combatendo-se, concebeu por inspiração um novo Kuen Fat. Eis que Yim Ving Tsun estava sendo compelida por um perverso usurpador a com ele se casar e aconteceu de Ng Mui a ensinar seu recém-criado Kuen Sut. Ela se valeu dele para punir o opressore, por conseguinte, proteger-se. Em ato continuo, aficou-se a dispor o referido Kuen Sut. Segmentou-o em Siu Nim Tao, Chum Kiu, Biu Je, Moy Fah Jong, luk Dim Bun Kwan e Bat Jom Doa.

A posteridade o fez perdurar, chamando-o VING TSUN KUEN. Posteriormente, ela o transmitiu em segredo para seu marido Leung Bok Toa. Leung o transmitiu a Wong Wah Po, que o transmitiu a Leung Lan Kwai, que o retransmitiu a Leung Yi Tai. Yi Tai o transmitiu para Leung Jan. Jan sin sang o transmitiu individualmente a Fung Wah e a Chan Wah Shun.
E Chung si Ip Man recebeu por inteiro o legado de Chan, sendo o atual Jeung Mun Yan do Ving Tsun Pai.
Eu, que modestamente me inscrevo entre seus seguidores, soube de oitiva terem sido tais as sucessivas tradições da inextinguivel chama do Kuen Sut deste si mun. Dessarte, minuncio seus passos fundametais, para fazer saber aos tong mun do provir aos hau Hok, somente.

Registrou Moy Yat

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A FLOR DE AMEIXA - O SÍMBOLO DE NOSSA ARTE MARCIAL


A flor de ameixa, chamada no dialeto cantonês da lingua chinesa de “Moy Fah” possui grande significado para o povo chinês, para os praticantes de Ving Tsun e, em particular, para os membros do Clã Moy Yat.


Escolhida pelo Conselho Central de politica da Republica popular da China como a “Flor Nacional”, as cinco pétalas da flor de ameixa representam os principais grupos étnicos existentes na china: os chineses, os manchus, os mongóis, os muçulmanos e os tibetanos.


A “Moy Fah” também é o simbolo do Sistema Ving Tsun, pois é, antes de tudo, um simbolo da primavera (”tsun”, em chinês). Em algumas oportunidades, ela representa o inverno, pois florescendo no final desta estação, indica a renovação, a juventude na eminência de se manifestar.


Pelo fato de suas flores aparecerem sem folhas, a ameixeira simboliza também a pureza. Por sua vez, ela em si implica o simbolismo da árvore e da flor, sendo “yin” e Yang ao mesmo tempo; a delicadeza transparente das pétalas da flor de ameixa, constratando com os ângulos vigorosos de seus galhos, exprime a gentiliza e candura combinadas com a força e probidade. Em outras palavras, é a expressão maior da harmonia entre a beleza e a resistência.


O Clã Moy Yat ( “Moy” quer dizer “ameixeira”) adotou a famosa flor de ameixa vermelha como seu simbolo, onde seu interior está escrito o ideograma “Yat” em branco.

terça-feira, 7 de julho de 2009

A ORIGEM DO NOME VING TSUN - UMA ARTE MARCIAL CHINESA




A china, país cuja extensão territorial chegou a ser comparada ao Império Romano, está hoje entre os três maiores paises do mundo. Os “Han”, considerados os chineses propriamente ditos, constituem a grande maioria da população chinesa.


No entanto, 60% do território chinês é ocupado por grupos étnicos diversos, formados por manchus, mongóis, tibetanos e outros.


O chinês é a lingua oficial do pais. embora sua escrita(caracteres ideiográficos) seja universal, a fonética varia de região para região, chegando a existir vários dialetos ininteligíveis entre si. Os dialietos mais importantes são o mandarim (o dialeto oficial), o shanghai e o cantonês.


Nosso sistema de Kung Fu foi desenvolvido na provincia de Guangdong (Kwangtung), precisamente na cidade de Foshan(Futsan), de modo que todas as nomenclaturas empregadas são provenientes do dialeto falado na região, ou seja, o cantonês. Desta forma, embora o dialeto oficial chinês seja o mandarim, o dialeto cantonês é o oficial do nosso estilo.


Não batasse estas peculiaridades, o numero variado de sistemas de transliteração(representação gráfica em alfabeto romano com base na pronúcia dos caracteres chineses) dificulta em muito a compreensão do leitor ocidental. Em 1979, o governo da Republica Popular da China instituiu o sistema de transliteração “Pinyin” como o oficial, contudo este sistema só é valido para a pronúncia no dialeto mandarim.


Ainda hoje, não existe um sistema oficial de transliteração para o cantonês, embora o mais usados sejam o Yale, o Meyer-Wempe e o Ipa.


Em 1968, o Patriarca Yip Man, o felecido líder de nosso sistema, instituiu VING TSUN como transliteração oficial de nome de nossa arte, embora muitos a conheçam sob a denominação “WING CHUN”, a transliteração mais popular.


A ORIGEM DO NOME VING TSUN


A arte Marcial Chinesa é a mais diversificada de todo o globo, onde dezenas são os estilos que variam conforme diferentes condições geográficas, politicas e culturais.


Desta forma, a origem de seus nomes é das mais interessantes, podendo estar relacionada com locais, pessoas ou animais. Alguns nomes podem ainda ter sua origem em figuras lendárias ou em alguma técnica em especial.


No caso especifico de nossa arte, o nome Ving Tsun é um tributo à fundadora do sistema, Sra. Yim Ving Tsun.


Segundo a genealogia do sistema Ving Tsun, registrado em pedra por Grão-mestre Moy Yat, a monja Ng Mui, do monastério Shaolin (Siu Lam) encontrou uma jovem chamada Yim Ving Tsun e ensinou-a Kung Fu para que ela pudesse proteger-se de um lider local que queria desposá-la à força. posteriormente, a fundadora Yim Ving Tsun estruturou esse sistema e em sua homenagem seus seguidores deram seu nome ao estilo.


Acredita-se que a primeira pessoa a utilizar a denomenação VING TSUN KUEN( a arte marcial de Ving Tsun) foi o amrido da fundadora, Leung Bok Toa.


Conta-se que o Sr. Leung era um exímio praticante de Kung Fu e , mesmo depois de casar-se nunca abandonou a pratica.


Ao observar o interesse do marido pelas Artes Marciais, Sra. Yim Ving Tsun, que ainda não havia revelado ao esposo os conhecimentos dos quais era possuidora, fazia oportunamente sutís comentários sobre o treinamento do marido. No entanto, Sr. Leung Bok Tao nunca levou a sério as opiniões da esposa, acreditando que era impossivel uma delicada mulher como ela compreender a viril arte do Kung Fu.


Um dia, a fundadora Yim Ving Tsun decidiu revelar seu segredo, contando ao marido sobre seu aprendizado com a legendaria Monja Ng Mui. Mas ele não acreditou. Assim, não sobrou outra alternativa a ela senão demonstrar sua habilidade na prática, enviando, num confronto amistoso, o esposo três vezes ao chão. Sr.Leung Bok Toa imediatamente compreendeu que estava diante de uma grande mestra desconhecida de Arte Marcial.


A fundadora Yim Ving Tsun, por sua vez, compartilhou seus conhecimentos com o esposo, que passou a denominar a arte aprendida de VING TSUN KUEN.


A ETIMOLIGIA DO NOME “VING TSUN”


Realizar uma pesquisa etimológica de uma ideograma é estudar como ele foi formado, possibilitando assim uma melhor compreensão de seu significado.


O nome de nossa arte é composto por dois ideogramas ” VING e TSUN”.


O ideograma “Ving” é composto pelo caracter “Yin” e pelo caracter “Veing”.


O primeiro significa “falar”, “cantar”, “discurso”, “palavra”; são os sons do coração emitidos pela boca. Já o caracter “Veing” representa a incessante fuidez da água que emana da terra. Significa duração, perpetuação, mas não eternidade. Graficamente é uma variante do caracter “soi” que significa “água”. Assim, emtir sons do coração de forma duradoura é a composição que forma o ideograma “Ving” que pode ser traduzido por “cantar”.


Já o ideograma “tsun” é composto pelos caracteres “chou”, “ton” e “Yat”. O primeiro significa “planta”, onde sua repetição representa a multiplicidade. O segundo representa a germinação abaixo da terra, sendo que a linha curva diz respeito ao esforço que uma jovem planta tem que realizar para desenvolver sua raiz, ela se eleva sobre a terra e é levada para a luz. o ultimo quer dizer “sol”, “dia”, que faz menção ao saber que ilumina as trevas da ignorância. Desta forma, “Tsun”, que significa “primavera”, é representado pela ideia das plantas que se multiplicam através da luta para crescerem sob os efeitos da luz.


Por intermédio da pesquisa etimológica, descobrimos que, para o chinês ” Tsun” não é apenas uma estação do ano, mas representa toda a luta que é empregada para o desenvolvimento de um ideal. Este combate, para alcançar o êxito almejado, deve ser alimentado pela sabedoria da luz, que iluminara o caminha perseguido. Esta idéia é complementada pela icessante sonoridade vinda do coração, representada por “Ving”, demonstrando que a alegria e a felicidade podem fazer parte desta luta, desde que a mesma seja dirijida pela luz do conhecimento.

Com isso o nome “Ving Tsun” seria traduzido como : CANTAR EM LOUVOR A PRIMAVERA.



terça-feira, 30 de junho de 2009

TRIBUTO A GRÃO-MESTRE MOY YAT


No ano de 1996, Grão Mestre Moy Yat fez sua 4° visita ao Brasil. Com ela, eu, juntamente com outros irmãos Kung Fu, tivemos a honra de tornar-nos seu discípulo de 2° geração e de 1 ° geração de Mestre Leo Imamura.
Em 1997, Grão Mestre Moy Yat completou 59 anos e uma grande festa de celebração estava a caminho. Juntamente com essa festa ele faria sua aposentadoria formal, deixando a cargo da transmissão do Ving Tsun para seus discípulos que já tinham alcançado o titulo de Mestre.
A noticia da sua aposentadoria chegou aos discípulos de todo o Brasil com um sentimento de muita expectativa, pois naquela época estavamos preparando a 1° comitiva Brasileira que representaria a Grande Família Moy Yat Sang nos Estados Unidos da America.
Não seria uma celebração normal de aniversário que iríamos participar, mas da celebração e aposentadoria do líder Maximo do clã.
Cada uma das escolas espalhadas pelo mundo, que representavam a Moy Yat Ving Tsun prepararia uma demonstração para o grande dia.
Eu na época tinha 28 anos de idade, e nunca tinha saído do Brasil e nem mesmo falava inglês.
Lembro-me desse período como se fosse hoje, cada um de nós antes de confirmar a ida para os Estados Unidos da America, tinha obviamente de ter o visto americano, pois era o fator determinante para a entrada no pais.
Nossa jornada começou não na chegada a New York, mas em todos os preparativos para que tudo pudesse acontecer.
Quando estávamos dentro da cabine do avião, meu Mestre Leo Imamura, observando minha ansiedade para chegar disse: “Você nunca mais voltara o mesmo Nataniel, pois as experiências serão transformadoras”.
Já se passaram 12 anos desde sua aposentadoria, mas acredito que todos aqueles que participaram dessa jornada guardam em seus corações o aprendizado recebido.
No dia 28 de junho data de celebração de seu aniversário, se Grão Mestre Moy Yat estivesse vivo comemoraria 71 anos. Nesta data, todos os praticantes de Ving Tsun de nosso clã estão se recordando dos momentos vividos com este grande homem e do aprendizado por ele deixado.
CRONOLOGIA DE GRÃO-MESTRE MOY YAT
1938 - NASCE EM TOISHAN, NA PROVINCIA DE KWANGTON, CHINA.
1953 - EMIGRA PARA HONG KONG, JUNTAMENTE COM SUA MÃE, MOY CHAN CHENG BIK.
1957 - INICIA A PRÁTICA DO SISTEMA VING TSUN COM O PATRIARCA YIP MAN, APÓS SER APRESENTADO POR MOY BIN WAH.
1963 - TORNA-SE O MAIS JOVEM MESTRE DE VING TSUN QUALIFICADO PELO PATRIARCA YIP MAN.
1964 - CASA-SE COM HELEN NG.
1967 - CONCLUI A OBRA-PRIMA "VING TSUN KUEN KUIT", O EXPECIONAL TRABALHO QUE REGISTRA EM PEDRA A GENEALÓGIA E OS PROVÉRBIOS MARCIAIS DO SISTEMA VING TSUN.
1968 - NASCE SEU FILHO WILLIAM MOY. É NOMEADO MEMBRO DO COMITÊ PREPARATÓRIO PARA A FUNDAÇÃO DA HONG KONG VING TSUN ATHLETIC ASSOCIATION.
1973 - APÓS A MORTE DO PATRIARCA YIP MAN, DESCIDE ESTABELECER-SE EM NEW YORK, EUA. FUNDA A MOY YAT VING TSUN SPECIAL STUDANTE ASSOCIATION, NA PRAÇA SAINT PAUL, BROOKLIN.
1974 - ESCREVE O LIVRO "108 MUK YAN JONG", O PRIMEIRO NO MUNDO A VERSAR SOBRE O FAMOSO "BONECO DE MADEIRA" DO SISTEMA VING TSUN.
1979 - ESTABELECE-SE NA RUA EAST BROADWAY, CHINATOWN, LOCAL ONDE HOJE ESTA LOCALIZADO A SEDE INTERNACIONAL DA MOY YAT VING TSUN KUNG FU SPECIAL STUDENT ASSOCIATION.
1982 - LANÇA O LIVRO " VING TSUN KUEN KUIT", PUBLICADO POR MOY WO TIN.
1988 - FAZ SUA PRIMEIRA APARIÇÃO PÚBLICA NO "ALL KUNG FU MASTERS EXHIBTION".
1989 - DECIDE OUTORGAR DEZ PLACAS TRADICIONAIS DE AUTORIZAÇÃO DE ENSINO, REESTRUTURANDO A MOY YAT VING TSUN SPECIAL STUDENT ASSOCIATION. PUBLICA OS LIVROS "VING TSUN TRILOGY" E "A LEGEND OF KUNG FU MASTERS", EM HONG KONG.
1992- É ELEITO PRESIDENTE DA NEW YORK MOY FAMILY ASSOCIATION, ENTIDADE RECONHECIDA COMO REPRESENTANTE DA FAMÍLIA MOY NOS ESTADOS UNIDOS.
1993 - É CONVIDADO PARA PRESIDIR A "CHINA-UNITED STATES EXCHANGE ART CENTER", RECONHECIDA PELO GOVERNO AMERICANO COM O PROPOSITO DE PROMOVER A CULTURA CHINESA.
1995 - REUNE-SE COM OS FILHOS DO PATRIARCA YIP MAN,GRÃO-MESTRE YIP CHING E GRÃO-MESTRE YIP CHUN PARA DISCUTIR O FUTURO DO SISTEMA VING TSUN.
1996 - OUTORGA PARA TREZE DE SEUS PRINCIPAIS DISCÍPULOS O TÍTULO DE MESTRE SÊNIOR.
1997 - PARTICIPA DA FUNDAÇÃO DA INTERNATIONAL MOY YAT VING TSUN FEDERATION, QUANDO É RECONHECIDO COMO PRESIDENTE HONORÁRIO.
APÓS 40 ANOS DEDICADOS AO ESTUDO E A TRANSMISSÃO DO SISTEMA VING TSUN DECIDE APOSENTAR-SE, SATISFEITO COM O TRABALHO REALIZADO POR SEUS DISCÍPULOS.
2000- VISITA O BRASIL PELA 6° VEZ, INAUGURANDO SEU PRÓPRIO BUSTO QUE FOI ESPECIALMENTE DOADO PARA A FAMÍLIA MOY YAT SANG POR ELE.
2001 - FALECE EM SUA RESIDÊNCIA EM QUEENS, NEW YORK, NY, CONSAGRADO COMO A MAIOR AUTORIDADE DO SISTEMA VING TSUN DO OCIDENTE.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ving Tsun, A TRANSLITERAÇÃO OFICIAL.


A primeira vez que o nome de nossa arte foi mencionada numa publicação no ocidente foi no livro Chinese Gun Fu, The philosophical art of self-defense, de autoria de Bruce Lee, publicada em 1963 pela Oriental Book Sales, na cidade de Oakland, California, Estados Unidos. Na introdução do livro, Bruce Lee escreveu: “Faz alguns anos que venho praticando Wing Chuing, a escola da arte sem arte...”. Ainda nesta obra, o editor James Yimm Lee disse: “Aos 13 anos, ele (Bruce Lee) encontrou o Mestre YIP MAN, líder da escola de WING CHUN de GUNG FU e, desde então, ele tem se dedicado ao estudo deste sistema”.


Conforme as linhas acima, por não haver nenhuma forma oficial de transliteração, notaram que foram utilizadas duas formas distintas para transcrever o nome de nossa arte: “WING CHUING E WING CHUNG”.


Em 1961, a revista Black Belt foi fundada em Burbank, California, Estados Unidos, vinda a se transformar na mais famosa revista de Artes Marciais do mundo. Na sua edição de novembro de 1967, publicou o artigo “ in Kato’s Gung Fu Action is Instant”, escrito por Maxwell Pollard.


Nesta ocasião, Bruce Lee declarou: “eu devo meu atual estágio de desenvolvimento ao meu treinamento prévio no estilo WING CHUN, um grande estilo. Esta arte foi ensinada a mim pelo Sr. Yip Man, o atual líder do clã WING CHUN em Hong Kong, onde fui criado”.


Observe que, neste caso, a transliteração “WING CHUN”, hoje extremamente popular, foi usada pela primeira vez numa publicação de língua inglesa.


A partir daí, todas as publicações em inglês passaram a utilizar esta grafia.


O primeiro livro sobre VING TSUNG foi publicado em 1969 pela Paul H. Cromp. Ltd., na cidade de Londres, Inglaterra. O co-autor desta obra foi Greco Wong ( Wong Wai Chung), discípulo de Grão-Mestre Moy Yat. Chamava-se Wing Chun Kung Fu, Chinese Sef-Defense Methods.


Nos Estados Unidos, o primeiro livro publicado foi Wing Chun, Chinese Art of Self-defense, de autoria de James Yimm Lee, em 1972 e com consultoria técnica de Bruce Lee, em 1972, pela Ohara Publications, INC., na cidade de Los Angeles, California.


Na década de 60, nossa arte tornou-se extremamente popular em Hong Kong, sendo considerada a mais praticada dos mais de cem estilos de Kung Fu existentes na cidade. Era necessário fundar uma associação geral que dirigisse nosso sistema. Assim, o patriarca Yip Man e seus discípulos passaram a trabalhar incessantemente para este fim.


Foi criado um comitê preparatório e Grão-Mestre Moy Yat foi nomeado seu presidente.


Nesta época de extrema popularidade, as pessoas em Hong Kong passaram então a utilizar o termo “WING CHUN” como o modo informal de transliteração. Não demorou muito para se utilizar apenas as iniciais para designar nossa arte, ou seja, WC.


Com a fundação da associação geral, era preciso estabelecer uma transliteração oficial para o nome de nossa arte.


Grão-Mestre Moy Yat, um dos poucos discípulos diretos o patriarca Yip Man, que falava inglês, surgeriu que a transliteração popular “Wing Ching” com suas iniciais WC poderia causar embaraço aos nossos praticantes, já que WC são também as iniciais de Water Closet, que quer dizer banheiro em inglês. Ouvindo isso, o patriarca determinou que se estudasse a transliteração adequada.


Desta maneira, com a fundação da HONG KONG VING TSUN ATHLETIC ASSOCIATION, o termo Ving Tsun tornou-se a transliteração oficial de nossa arte.

domingo, 28 de junho de 2009

MOY YAT VING TSUN KUNG FU BRASILIA

Mestre Nataniel Rosa, diretor do núcleo Brasilia da MOY YAT VING TSUN KUNG FU, com sede no plano piloto - asa sul, teve o prazer de participar do treinamento mensal de Mestres, comandado por Mestre Leo Imamura na capital paulista.
Esse treinamento contou com a presença dos mestres: Anderson Maia (Núcleo savassi-BH), Julio Camacho(Núcleo Barra-RJ), Fabio Matsushita (Núcleo São Bernardo - SP) e Mestre Washignton Fonseca( Nùcleo São Paulo-SP).
Juntamente com esse encontro, foi celebrado o aniversário da Lider da Grande Familia Moy Yat Sang, Simo Vanise Imamura. A celebração foi realizada em um restaurante especializado na culinária Argentina, localizado na zona sul de São Paulo .
Foi uma festa com um tom mais intimista,onde somente alguns discipulos e mestres da Moy yat Ving Tsun participaram.
Mestre Nataniel Rosa também pode acompanhar o dia a dia de seu Mentor e ver como o trabalho da organização esta sendo levado para outros ramos de atividade humana. Mestre Leo Imamura é consultor de algumas empresas no Estado de São Paulo, sendo que seu trabalho consiste em preparar altos executivos para os seus cargos.
É muito bom ver como uma Arte Marcial tão antiga pode ajudar o homem moderno e
globalizado a desenvolver inteligência estratégica.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

KUNG FU - O TERMO MAIS FAMOSO NAS ARTES MARCIAIS CHINESAS

Este termo na década de 70 tornou-se mundialmente conhecido. No entanto, seu significado é muito mais antigo e profundo.
O ideograma “KUNG” pode ser traduzido como “consumação ou realização de uma façanha em certos campos de atividade”. Ele é composto dos caracteres “KUNG” e “LIK”. O caracter “KUNG”, conforme interpretações tradicionais, tem origem no esquadro do carpinteiro.
Recentemente, descobriu-se que certas peças, que existiam antes do período SHANG, podem ter sido excelentes protótipos para o ideograma “Kung”.
Como substantivo, o caracter “KUNG” pode ser traduzido como trabalho (principalmente trabalhos manuais), enquanto que como adjetivo,“KUNG” pode significar habilidoso. Quando o caracter “LIK”, por mais de dois mil anos acreditava-se que o mesmo tinha origem na figura de um braço, mas atualmente esta tese tem sido questionada. Recentes estudos etimológicos e novos achados arqueológicos indicam que este ideograma evoluiu do símbolo de um implemento agrícola, já que o seu significado é força, vigor, potência ou energia.
Uma pessoa que transmite seus conhecimentos de Arte marcial para outros, tornando-se proficiente em tal missão, alcançou um grau de “KUNG”. Se esta pessoa alcançar um nível ainda mais elevado, adquirindo uma reputação excelente tanto para sua arte quanto para si, então seu grau será de “Kung Go”, que significa “Alto Grau de Kung”.
O ideograma “FU” literalmente significa homem maduro ou marido, pois este sinal advém da figura de um homem com uma presilha para prender seus longos cabelos.
Nós no cabelo e presilhas indicavam não só maturidade, como também elevada posição. Assim, pode significar também um artista marcial com caráter Heróico.
Quando “Kung” e “FU” são colocados juntos, eles representam uma pessoa que tem “MO TAK”, ou seja, princípios morais altamente elevados combinados com a habilidade em arte marcial. Esta pessoa usa sua arte para auxiliar os necessitados através de uma maneira cavalheiresca e humilde.
Genericamente, o termo KUNG FU pode ser traduzido como “tempo e esforço desprendido numa atividade” ou “grau de perfeição alcançado em qualquer área de atuação” ou ainda “conhecimento profundo em um assunto”.
Poucas civilizações do mundo deram tanto valor a sua arte marcial como o povo chinês, relacionando a mesma com os conhecimentos místicos, filosóficos e medicinais de sua cultura. Este fato que tem proporcionada uma contribuição inestimável para toda a humanidade há mais de 5.000 anos.

A origem mítica da arte marcial chinesa

“A habilidade suprema dentro das Artes Marciais não consiste em obter uma centena de vitórias numa centena de batalhas, mas sim em dominar o inimigo sem combater”
Sun Tzu, o primeiro estrategista da historia chinesa, ao escrever estas linhas há 2.500 anos, sintetizou com grande propriedade o pensamento marcial chinês.
No entanto, a Arte Marcial surgiu na china milhares de anos antes.
No período dos soberanos míticos (4.000 a 2.000 a.c), houve uma grande guerra entre Huang Di, o Imperador Amarelo, e Chi You, o Deus da Violência, que era a própria encarnação do caos universal.
Após várias batalhas sem vencedor, Huan Di retirou-se no Monte Tai, passando o comando de suas tropas para um de seus subordinados. Após três dias e três noites meditando sobre as razões pelas quais não conseguia vencer Chi You, uma fada com a cabeça de mulher e corpo de pássaro chamada Xuan Nu veio até ele.
Huang Di curvou-se a sua frente reverenciou a fada. “ Sou a Dama de Negro”, disse a mulher. “Qual é o seu desejo?”.
“Eu gostaria de vencer todas as minhas batalhas”. Huang Di respondeu. Assim Xuan Nu ensinou a Huang Di os segredos das Artes Marciais, possibilitando ao Imperador Amarelo a compreender a natureza do combate. Foi assim que ele venceu Chi You.
Ao contrario do que muitos pensem este conto, um clássico da mitologia chinesa, não é um registro histórico. Contudo, este fato não diminui sua importância junto aos artistas marciais chineses, pois, pela primeira vez, a origem da arte Marcial, ainda que mitológica, foi discutida.

WUSHU

O termo formal, no dialeto oficial, que os chineses utilizam para designar sua arte marcial é WUSHU. O ideograma “WU” significa literalmente marcial ou militar. Por se tratar de um ideograma composto, “WU” é uma combinação de dois outros caracteres: “CHY” e “GE”.
“GE” representa o machado, uma das armas mais utilizadas da antiga china. “CHY” inicialmente significava “pé”, sua origem pode ter advindo da figura de um pé com os dedos afastados. Figura semelhante foi encontrada num caco de jarro de 3.200 anos, descoberto na cidade de Gaocheng. Presumivelmente, por representar a pegada nítida de um homem, que para tal devia estar naquele instante parado. “CHY”, ao longo dos anos, passou a significar “parar” ou “estacionar”.
Em outras palavras, “WU” (marcial) representa a defesa contra uma arma, indicando a ação contra a violência, a defesa contra as mais diversas agressões quer sejam elas físicas ou não


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Moy Yat Ving Tsun Kung Fu

Todas as quintas-feiras aconteçe no núcleo da Moy Yat Ving Tsun em brasilia o que chamamos de Sessão “PIPOCA”.
Os temas discutidos durante, obviamente, abordaram o mundo das Artes Marciais que vai desde a Relação Mestre Discipulo, etiqueta e Genealogia do Sistema Ving Tsun.
O primeiro filme, de origem japosena é conhecido como ”Depois da chuva “. Um filme escreito por Akira Korossawa, onde a estratégia utilizade durante a etiqueta fica muito evidente. Esse filme levou a todos a um processo de reflexão sobre cada uma das ações tomadas em nosso dia-a-dia e de como os conceitos da Arte Marcial podem ser empregados nas mais simples ações de nosso cotidiano.
O segundo Filme passado aqui no núcleo, é conhecido como “Silent Flut”. Esse filme foi escrito por Bruce Lee, mas somente foi filmado anos depois de sua morte.
Acho esse um filme muito interessante pois aborda a jornada de um praticante de Artes Marciais, e seu aprendizado que envolve naturalmente a relação Mestre-Discipulo.
È um filme que possui muita filosofia em seu conteúdo, fazendo com que as cenas de luta deixem de ter tanta importância, dessa forma levando os espectadores a apreciarem o que chamo de "jornada do Díscipulo”.
O terceiro filme, que na verdade foram “dois” no mesmo dia, mostrava fatos muito interessantes ocorridos no Clã Moy Yat Sang e que muitos dos praticantes da atualidade desconhecem. Mostramos Mestre Léo Imamura como apresentador do programa “ZEN o mundo das Artes Marciais”, mostrando dessa forma uma pequena parte da Família KUNG FU.
O ultimo filme mostrava Mestre Leo Imamura falando a respeito da Genealogia do Sistema Ving Tsun(wing chun). Mostrando a trajetoria que esse estilo de Kung Fu seguiu com a ida do Patriarca YIP MAN a Hong Kong e o inicio de Grão Mestre Moy Yat na familia Kung Fu até sua ida para Nova York em 1973.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Arte Marcial - Uma viagem via Roma e China

A palavra ARTE simboliza algo realizado por um ser capaz, eminente, com habilidade, perícia e sabedoria. A raiz do termo em latim, ARS, implica o sentido de imaginar, inventar, além do de acomodar, adaptar.
Arte e ofício manual coincidem no sentido em que ambos produzem uma obra sensorialmente perceptível. Contudo o ofício manual tem em mira o utilizável, o proveitoso, ao passo que a arte se aplica ao belo. Há beleza natural na medida em que as coisas manifestam, de maneira luminosa, as idéias contidas nelas. A beleza artística de não se limitar a ser mera repetição ou cópia fiel da beleza natural.
À arte é permitido fazer que as idéias brilhem com profundeza e vigor inteiramente nova e que os mais indecifráveis segredos da existência transpareçam em suas obras.
Sua tarefa principal consiste, não em reproduzir coisas, mas em manifestar idéias.
A arte exige, essencialmente intuitividade sensorial, e estas formas constituem sua linguagem , sendo que a expressão sensível não pertence necessariamente à beleza em si.
O termo MARCIAL é derivado de Marte,nome latino de ARES, deus da guerra na mitologia grega. Ele era uma das doze divindades do Olimpo , sendo filho de Júpiter e Juno. Marte foi educado por Príapo, com quem aprendeu a dança e outros exercícios corporais, prelúdios da guerra.
Os romanos tornaram Marte a mais importante de suas divindades, consideravam-no pai de Rômulo e Remo, os fundadores de Roma. Inicialmente, cultuavam-no como o deus das tempestades, invocavam-no para impedir que seus efeitos maléficos – chuvas fortes granizo e neve- destruíssem as plantações. Mais tarde, provavelmente identificando a idéia de força instintiva contida na tempestade,os romanos o transformaram num deus guerreiro, o protetor de suas lutas e conquistas. Nenhum empreendimento era planejado sem antes consultá-lo.
Neste contexto, Marte está representando em duas categorias: Nodons, o rei-sacerdote, saído da classe guerreira, mas que exerce uma função sacerdotal; e Ogmios, o deus dos elos, que é o campeão, mestre do combate com as mão livres, da magia e do poder desconhecido.

Domínio das paixões brutais

A guerra representa muitas idéias e Marte, dentro da mitologia romana, simbolizava a guerra interior.
Em Roma, as numerosas festas em seu louvor tinham um caráter de purificação, pois os romanos acreditavam que a natureza ficava mais limpa e pura após uma forte tempestade. Depois de cada batalha vitoriosa eram realizadas festas que destacavam o caráter militar da divindade.
Nos mistérios de Marte, nome comum dado em Roma aos cultos que se celebravam ao deus da guerra, entendia-se que todo o caminho guerreiro levava o celebrante à reunificação final.
Essa busca, que o homem desde os tempos imemoráveis procura dentro de seu ser, justifica-se em virtude da percepção consciente ou inconsciente de que ele perdeu algo dentro de si mesmo, algo de valor inestimável. Nos dias atuais, mais do que nunca, o ser humano sente a necessidade de reunir-se com si próprio.
As artes marciais , pelo que Marte representava, simbolizam evolução espiritual através do domínio das paixões brutais. Como já dissemos, o termo arte marcial vem de Marte, o deus da guerra da mitologia romana. Paralelamente, o ideograma chinês no dialeto mandarim, WU, poderia perfeitamente ser traduzido por marcial.
Em chinês, marcial é representando por um ideograma composta por dois caracteres – GE e GY. O primeiro representa o machado, uma das armas mais utilizadas na antiga china; sendo o segundo significa para ou deter. Em outras palavras, Wu (marcial) simboliza a defesa contra uma arma, indicando a ação contra a violência, a defesa, contra as mais diversas agressões, quer sejam elas físicas ou não.
Para firmar esta idéia, destacamos um antigo poema chinês:
“Aprenda as formas de preservar antes das de destruir. Evite antes de repelir,
Repila antes de ferir,
Fira antes de aleijar,
Aleije antes de matar,
Por que toda a vida é preciosa e nunca pode ser substituída.”
Os chineses acreditam que na natureza o homem é o ponto de equilíbrio entre o Céu a Terra. Nas artes marciais chinesas a pratica física da arte é penas o seu aspecto mais tangível, serve apenas de instrumento para que o praticante se enverede e compreenda o verdadeiro significado de sua senda.
Eles também acreditam que o homem está em total desarmonia com o universo em virtude do afastamento de sua natureza original. Desta forma, o principal motivo da infelicidade humana é o afastamento de si próprio.
A arte marcial e convertida, assim, numa das mais eficazes formas idealizadas pelo povo chinês, através de uma sabia cultura milenar, para que os ser humano se harmonize consigo próprio e cm as coisas que o rodeiam.

O corpo nunca mente


O homem, por viver em grupo, necessita receber e transmitir informações para edificar sua personalidade, implicando na necessidade de perceber e externalizar o que ele sente e pensa. Neste processo comunicativo observamos que a linguagem corporal resulta na primeira forma manifestativa do nosso “eu”.
Sem duvida, este tipo de linguagem se tornou mais elaborado quando nos transformamos de quadrúpede em bípede.
Esta mudança proporcionou a liberdade das mãos, que passaram a manipular o meio transformando-se no grande instrumento de manifestação do homem.
È dito que o corpo, através de sua linguagem, nunca mente e grandes pensadores chineses concluíram que em nosso corpo ficam registradas todas as experiências vividas por um ser humano, ao nível consciente ou não.
O corpo pode ser empregado das mais variadas formas, com as mais variadas manifestações. Por seu poder de comunicação, os movimentos passaram a integrar o processo educacional da sociedade chinesa, percebendo-se uma relação íntima entre os movimentos do corpo e os da natureza que o cerca.
O movimento, desde os primórdios da raça humana, tem sido utilizado para representar aquilo que o homem pensa e sente.
Talvez, por isso os gestos de autodefesa sejam os mais significativos dentro da linguagem corporal, pois manifestam o instinto de preservação da espécie, que é comum em todos os seres vivos.
Esta é uma das razões pela s quais as artes marciais chinesas continuem a ter grande utilidade nos dias de hoje. Seu valor maior não esta em ser uma arte de combate, mas sim em preservar o combate, lá que através desta simbologia os movimentos podem atuar de forma global no individuo podendo servir como instrumento na sua formação física, intelectual e emocional. È por esta razão que os sábios chineses, do presente e do passado utilizam a linguagem corporal para compreender e serem compreendidos em questões que a racionalização, por si só, é incapaz de resolver.
Neste momento é oportuno esclarecer a que tipo de guerra estamos nos referindo.
De maneira ideal, a guerra tem por fim o restabelecimento da paz, da justiça, da harmonia, nos planos cósmicos e social (como no caso das sociedades chinesas antigas). A guerra representa a manifestação defensiva da vida. È o domínio da ação, do combate pela unificação do ser.

Centenas de estilos
Quando se fala de guerra nos textos tradicionais chineses, a expressão deve ser compreendida também no sentido espiritual.
Não se trata apenas de uma guerra exterior, mas sim a luta que o homem trava consigo próprio. È o confronto das trevas e da luz no homem. Cumpre-se na passagem da ignorância para o conhecimento.
Assim, concluímos que as artes marciais são uma das mais importantes formas de expressão corporal encontradas pelo povo chinês para possibilitar a absorção plena de seu aprendizado nos mais diferentes campos de atuação.
A história das artes marciais chinesas é rica e variada. Existem centenas de modalidades, subdivididas em outras centenas de estilos. Cada um destes estilos possuem dezenas de diferentes linhas ou escolas. A diversidade intrínseca das artes marciais chinesas torna seu estudo dificultoso e árduo.
Por essa razão, a classificação didática das artes marciais chinesas torna-se imperativa para que o estudioso tenha condições de situar-se quanto à sua vasta abrangência.



sábado, 13 de junho de 2009

A Transcendência de um Artista Marcial.

Ao longo da civilização chinesa, alguns homens se destacaram por seu conhecimento nas artes tradicionais chinesas. Todas elas auxiliavam o individuo alcançar as principais virtudes apregoadas pela humanidade, quais sejam: humildade, determinação, tranqüilidade, bondade, justiça e lealdade, dentre outras.
Essas antigas artes podiam ser separadas em duas categorias: as que o envolvimento físico era predominante, como as artes marciais e a condução de carruagens; e as que eram consideradas mais delicadas ou intelectuais, como a pintura, a Escultura, a literatura, a caligrafia, a música a Matemática.
“Principio de Ying-Yang” ensina-nos que os opostos devem coexistir, interagindo-se harmoniosamente. Da mesma forma, no passado, era considerado um verdadeiro artista aquele que dominava as artes pertencentes ás duas categorias citadas.
Grão-Mestre Moy Yat, seguindo a orientação de seu mentor, o falecido patriarca Yip Man, iniciou-se no estudo das Artes Tradicionais Chinesas, desde muito jovem. Embora seja conhecido mundialmente no campo das artes marciais, em particular o sistema Ving Tsun, ele também é um mestre da Pintura, Escultura, Literatura e Caligrafia.
Embora uma figura freqüente nas revistas especializadas em arte chinesa, afinal é consultor do Museu de História Natural de Nova York e da academia de artes chinesas, é a primeira vez apresentada ao público o seu lado pouco conhecido, cabendo esse privilégio a revista KIAI.
As vésperas de sua aposentadoria oficial, seu Kung Fu é ainda no mínimo impressionante. È incrível o poder do tempo sobre pessoas que tem se dedicado honestamente á pratica de sua arte.
Esta entrevista realizada em Nova York, é uma confirmação do que escreveu o DR. Cameron Hurst, professor de História Chinesa e Coreana da Universidade da Pensilvânia e diretor do centro para Estudos do Leste Asiático da mesma universidade: “...a devoção única a um caminho em particular era defendida largamente especialmente nos textos de artes marciais.
A idéia é que se uma pessoa dedicar exclusivamente a compreensão total de um único caminho, então paradoxalmente, seu entendimento será consistente em todos os caminhos.
Miyamoto Musashi, por exemplo, declarava que depois de anos de devoção única ao “ Heio”( artes marciais) , ele finalmente tornou-se um perito em uma variedade de “ Geido” (caminhos Artísticos), todos sem ajuda de um mestre.
Acompanhe a trajetória deste incrível mestre, o último de sua estirpe, que atribui todo seu desenvolvimento artístico á pratica da arte marcial, sua amada Arte Ving Tsun.

Como as Artes Marciais estão inseridas nas Artes tradicionais chinesas?

“As artes marciais fazem parte das chamadas Artes Tradicionais chinesas. Talvez em virtude das artes marciais conciliarem a estética com o utilizável, sendo consideradas por muitos chineses côo a mais importante das Artes Tradicionais Chinesas.
Pelo fato de meu pai ter sido um artista, permitiu que desde criança tivesse contato com as Artes Tradicionais Chinesas. Acredito que as outras artes tradicionais possibilitem que o artista marcial desenvolva uma extremamente alta sensibilidade artística, tão necessária em qualquer manifestação humana.
Ainda que durante décadas o meu foco principal tenha sido o estudo da arte do Ving Tsun, atualmente tenho dedicado as manhãs e as tardes para outras artes tradicionais, deixando apenas o período da noite para a prática da arte marcial.
Como desde jovem tenho treinado dormir pouco, sempre tenho muito tempo para dedicar-me ás artes, sem deixar de realizar outras atividades.”

No prefácio do seu livro “ A Legendo f Kung Fu Masters”, um famoso jornalista de Hong Kong deixa claro que mesmo na china poucos mestres conseguem dominar tantas excelências quanto o senhor. Como isto é possível para um mestre em pleno século XX?

“Devido ao meu aprendizado de Ving Tsun com o Grande Patriarca YIP MAN pude aprender como administrar devidamente o tempo, o que permitiu que tivesse a oportunidade para e dedicar a outras artes tradicionais chinesas. Ving Tsun ensina dentre outras coisas a como alcançar o domínio temporal. Com isso, o praticante passa a ter tempo para dedicar-se a outras atividades de interesse. No meu caso, dediquei-me ás Artes Tradicionais Chinesas; outros praticantes de Ving Tsun dedicam-se a outras excelências da vida.
Muitos enxergam o artista marcial como um lutador, um ser embrutecido. Isto porque muitos pregam a dedicação exclusiva para sua própria arte, ignorando outros ramos de atividade. Em Ving Tsun, ensinamos a ver a arte marcial como meio de alcançar as outras artes e não um fim em si mesmo.”

Mas como sua arte, o Ving Tsun, propicia que uma pessoa comum consiga ser bem sucedido em tantas áreas do conhecimento humano?

“ A arte do Ving Tsun ensina-nos a aprender como aprender. Acredito que o ponto mais importante é primeiro ter um bom domínio do sistema Ving Tsun. Através de seu aprendizado, o praticante de Ving Tsun aprende a realizar dois e até três movimentos ao mesmo tempo. Isto seguramente irá refletir nas atividades de seu dia-a-dia. Em meu caso, mesmo as artes ocidentais são de meu Interesse. Por exemplo, lembro-me que em Hong Kong, durante um período, aprendia de manhã a como fazer montagens de fotografias e de noite a como criar DRINKS. Ultimamente, tenho me dedicado há algum tempo á música tradicional chinesa e a Ópera Chinesa. Penso que a humildade é essencial para que pratiquemos anos a fio. Muitos pretensiosos, após algum tempo, simplesmente acreditam que são bons o suficiente para parar de praticar. Não é o meu caso. Por isso creio que devemos saber como administrar nosso tempo, visto que somente assim poderemos estar dedicando devidamente ás praticas que escolhemos durante toda a vida.”

Por favor, explique com mais detalhes como Ving Tsun pode ensinar a economizar tempo?

“Na Antiga china, a prática das Artes Tradicionais estava relacionada com a classe social. Somente os mais privilegiados socialmente tinham disponibilidade para dedicar-se ás artes.
Por esta razão, sob determinado ponto de vista, o tempo é mais valioso que o dinheiro.
Contudo, Ving Tsun passou a ensinar as pessoas a como economizar tempo. Em outras palavras, a como ter mais disponibilidade temporal. Assim pessoas de classes menos privilegiadas como eu, puderam dedicar-se ás artes. Contudo, era preciso desdobrar e ser muito dedicado. Através do Ving Tsun , desenvolvemos a percepção para economizar tempo a cada momento. Por exemplo, nas refeições procuro comer o mais rápido possível.
As pessoas comuns poderão dizer que isto faz mal, mas se você tiver o foco mental no ato de comer, não só a comida será mais bem aproveitada pelo organismo como você poderá comer bem mais rápido que o normal. Outro exemplo, ao caminhar, procuro sempre o caminho mais curto, nunca ando em círculos. Mesmo em lugares cheios de pessoas, é importante prever a trajetória das pessoas que estão vindo em sua direção. Mais um exemplo: ao falar, procuro explicar o máximo possível com o mínimo de palavras. Escolher as palavras certas e energia em cada uma delas, aumenta o entendimento de seu pensamento e diminui a repetição das frases.
As pessoas devem compreender a natureza do tempo para se dedicarem mais ao aprendizado da vida. Por isso todo meu tempo é utilizado para que possa me aperfeiçoar.”

Atualmente o senhor é considerado um dos maiores especialistas na confecção de selos (carimbos) tradicionais chineses do mundo. Poderia explicar algo a respeito dessa arte?

“A Arte dos selos tradicionais chineses é uma das mais difíceis de expressão, pois é preciso ter conhecimento dos ideogramas arcaicos – alguns datando de milhares de anos – e saber como escrevê-los dentro da estética adequada. Além disso, é preciso ter a habilidade de saber como esculpir os ideogramas nos selos de pedra, qualquer erro pode arruinar todo o trabalho, uma vez que é impossível fazer retoques.
Por sua dificuldade intrínseca esta arte demanda muito tempo para ser dominada. È por isso não possui muitos peritos. Como minha natureza é enfrentar desafios, identifiquei-me de imediato com essa arte.
Já se passaram quarenta anos e ainda continuo a praticar. Felizmente, hoje vários de meus alunos são muitos respeitados nesta arte, o que me leva a crer que ela ainda será preservada por muitos anos.”

Na década de 60, o senhor uniu a Arte Marcial e a Arte dos selos tradicionais ao desenvolver a famosa coleção “Ving Tsun Kuen Kuit”, supervisionada pessoalmente pelo patriarca YIP Man. Como surgiu essa idéia?

“ Os praticantes de Ving Tsun necessitavam de ter uma fonte fidedigna sobre a história de nosso estio. A preocupação do patriarca YIP MAN era que a sabedoria ancestral pudesse se perder para sempre. Ao registrar em pedra todo esse conhecimento, o legado dos antepassados estaria garantido para se transmitido para as gerações posteriores. A história tem mostrado que muitos documentos em papel foram destruídos, perdendo-se para sempre a herança dos nossos ancestrais. E por esse motivo que a pedra representa a eternidade. Ela não pode ser queimada ou rasgada.

Na área da pintura, o senhor desenvolveu uma nova técnica monocromática que estruturou toda uma coleção chamada “BLUSH STROKES”. Por que esta coleção é tão polêmica?

“Porque o tema da coleção “ BLUSH STROKES” é sexo. No meio artístico existe ainda um certo preconceito com relação a este tema. Alguns pintam o nu artístico. Mas principalmente os mais famosos evitam realizar pinturas de pessoas fazendo amor, ou seja, eles evitam o tema com relação aos ato sexual em si. Como artista, compreendo que a arte deve transcender os preconceitos morais, assim tenho arriscado a fama que construí durante os quarenta anos de minha carreira para preencher uma lacuna que é expressar a estética do que julgo um dos momentos sublimes da natureza humana.
Para isso desenvolvi uma técnica monocromática, com traços simples, numa concepção abstrata, seguindo exatamente a concepção estética da arte do Ving Tsun.”

Porque o nome “blush Strokes”?

“Blush Strokes” é um tracadilho de “Brush Strokes”. “ Blush”, em inglês, é quando alguém se sente envergonhado e acaba ficando enrubescido. Fato que muito ocorre quando falamos de sexo. E também muito similar a “Brush” que, em inglês quer pincel.
Quando a “Stroke”, em inglês, pode significar tanto um movimento de quando fazemos amor como também um traçado realizado pelo pincel. Assim, o nome conjuga o tema com a técnica. O tema “Blush Strokes “ pode ser traduzido como “ o enrubescimento ao ver duas pessoas fazendo amor”, enquanto que a técnica usada é “ Brush Strokes”, ou seja, a técnica de traços simples. Sem duvida, o nome ideal para veicular minha mensagem”.

Enquanto veículo de perpetuação de uma expressão, qual a diferença entre as artes marciais e as outras artes tradicionais chinesas?

“Sob esse ponto de vista dizer que de um lado estão aquelas como a Pintura Tradicional chinesa, onde sua expressão fica registrada para posteridade. Mas são estáticas, porque refletem para sempre aquele momento especial que ao mudar o contexto pode deixar de ser especial.
Mas mesmo assim, sua obra e a assinatura de seu autor estarão lá para serem vistas e compreendidas pelas gerações futuras.
Do outro lado estão as Artes Marciais e a Ópera chinesa Elas são dinâmicas, pois podem ser transformadas a cada contexto. Contudo, sua expressão não pode ser capturada a não ser pela mente humana. Aquele momento de brilhantismo, onde anos de pratica intensa podem registrá-los, pois não captaria a magia daquele momento. Somente através da transmissão pura dos sentimentos é que a arte poderá ser perpetuada. Apenas os verdadeiros discípulos perpetuarão a arte devidamente. Por este motivo que a china, a escolha de um discípulo é tão séria quanto a escolha de um mestre. E é ai que reside a importância de um sistema tradicional de arte marcial.
São por estas razões que exerci ambas as formas de perpetuação da arte, pois ela se completam.”
Já que citou a Caligrafia Tradicional Chinesa, qual a sua opinião a respeito da popularidade desta arte?

“ Para desenvolver seu senso artístico através da caligrafia é necessário muito estudo e dedicação.
Harmonizar traços curós com traços longos ou ainda finos com traços grossos é tão difícil quanto decidir o tamanho de cada ideograma em seu conjunto.
Esta percepção estética é só possível através de grande exercício mental , o que atrai pessoas que desejam utilizar suas mentes de uma forma mais completa.”
Com Hong Kong voltando a pertencer á Republica Popular da China em 1997, muitas famílias tradicionais chinesas estão deixando a cidade, emigrando para os Estados Unidos.

O senhor tem sido procurado por muitas dessas famílias para ser tutor de seus filhos, onde estes jovens teriam acesso à cultura tradicional chinesa, através do aprendizado das principais artes tradicionais. Acredita que as antigas artes estão em fase de extinção e não sobreviverão no próximo século?

“Durante muito tempo preocupei-me com o fato de não haver nenhuma pessoa que pudesse preservar as Artes Tradicionais chinesas, em particular o sistema Ving Tsun.
Hoje estou tranqüilo, já que alguns de meus discípulos conseguiram captar a essência da arte, tornando-se mestres da arte. Isto faz com que finalmente as pessoas compreendam que o que transmito é o sistema Ving Tsun e não meu próprio conhecimento.
A essência da arte do Ving Tsun esta em transmiti-lo puro. Talvez por este motivo que pessoas de todo o mundo ainda que esteja ás vésperas da aposentadoria oficial, venham até mim para receber o conhecimento puro da arte do sistema Ving Tsun.
Mesmo que morra, tenho certeza que meus discípulos continuarão a preservar meu legado.”