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terça-feira, 30 de junho de 2009

TRIBUTO A GRÃO-MESTRE MOY YAT


No ano de 1996, Grão Mestre Moy Yat fez sua 4° visita ao Brasil. Com ela, eu, juntamente com outros irmãos Kung Fu, tivemos a honra de tornar-nos seu discípulo de 2° geração e de 1 ° geração de Mestre Leo Imamura.
Em 1997, Grão Mestre Moy Yat completou 59 anos e uma grande festa de celebração estava a caminho. Juntamente com essa festa ele faria sua aposentadoria formal, deixando a cargo da transmissão do Ving Tsun para seus discípulos que já tinham alcançado o titulo de Mestre.
A noticia da sua aposentadoria chegou aos discípulos de todo o Brasil com um sentimento de muita expectativa, pois naquela época estavamos preparando a 1° comitiva Brasileira que representaria a Grande Família Moy Yat Sang nos Estados Unidos da America.
Não seria uma celebração normal de aniversário que iríamos participar, mas da celebração e aposentadoria do líder Maximo do clã.
Cada uma das escolas espalhadas pelo mundo, que representavam a Moy Yat Ving Tsun prepararia uma demonstração para o grande dia.
Eu na época tinha 28 anos de idade, e nunca tinha saído do Brasil e nem mesmo falava inglês.
Lembro-me desse período como se fosse hoje, cada um de nós antes de confirmar a ida para os Estados Unidos da America, tinha obviamente de ter o visto americano, pois era o fator determinante para a entrada no pais.
Nossa jornada começou não na chegada a New York, mas em todos os preparativos para que tudo pudesse acontecer.
Quando estávamos dentro da cabine do avião, meu Mestre Leo Imamura, observando minha ansiedade para chegar disse: “Você nunca mais voltara o mesmo Nataniel, pois as experiências serão transformadoras”.
Já se passaram 12 anos desde sua aposentadoria, mas acredito que todos aqueles que participaram dessa jornada guardam em seus corações o aprendizado recebido.
No dia 28 de junho data de celebração de seu aniversário, se Grão Mestre Moy Yat estivesse vivo comemoraria 71 anos. Nesta data, todos os praticantes de Ving Tsun de nosso clã estão se recordando dos momentos vividos com este grande homem e do aprendizado por ele deixado.
CRONOLOGIA DE GRÃO-MESTRE MOY YAT
1938 - NASCE EM TOISHAN, NA PROVINCIA DE KWANGTON, CHINA.
1953 - EMIGRA PARA HONG KONG, JUNTAMENTE COM SUA MÃE, MOY CHAN CHENG BIK.
1957 - INICIA A PRÁTICA DO SISTEMA VING TSUN COM O PATRIARCA YIP MAN, APÓS SER APRESENTADO POR MOY BIN WAH.
1963 - TORNA-SE O MAIS JOVEM MESTRE DE VING TSUN QUALIFICADO PELO PATRIARCA YIP MAN.
1964 - CASA-SE COM HELEN NG.
1967 - CONCLUI A OBRA-PRIMA "VING TSUN KUEN KUIT", O EXPECIONAL TRABALHO QUE REGISTRA EM PEDRA A GENEALÓGIA E OS PROVÉRBIOS MARCIAIS DO SISTEMA VING TSUN.
1968 - NASCE SEU FILHO WILLIAM MOY. É NOMEADO MEMBRO DO COMITÊ PREPARATÓRIO PARA A FUNDAÇÃO DA HONG KONG VING TSUN ATHLETIC ASSOCIATION.
1973 - APÓS A MORTE DO PATRIARCA YIP MAN, DESCIDE ESTABELECER-SE EM NEW YORK, EUA. FUNDA A MOY YAT VING TSUN SPECIAL STUDANTE ASSOCIATION, NA PRAÇA SAINT PAUL, BROOKLIN.
1974 - ESCREVE O LIVRO "108 MUK YAN JONG", O PRIMEIRO NO MUNDO A VERSAR SOBRE O FAMOSO "BONECO DE MADEIRA" DO SISTEMA VING TSUN.
1979 - ESTABELECE-SE NA RUA EAST BROADWAY, CHINATOWN, LOCAL ONDE HOJE ESTA LOCALIZADO A SEDE INTERNACIONAL DA MOY YAT VING TSUN KUNG FU SPECIAL STUDENT ASSOCIATION.
1982 - LANÇA O LIVRO " VING TSUN KUEN KUIT", PUBLICADO POR MOY WO TIN.
1988 - FAZ SUA PRIMEIRA APARIÇÃO PÚBLICA NO "ALL KUNG FU MASTERS EXHIBTION".
1989 - DECIDE OUTORGAR DEZ PLACAS TRADICIONAIS DE AUTORIZAÇÃO DE ENSINO, REESTRUTURANDO A MOY YAT VING TSUN SPECIAL STUDENT ASSOCIATION. PUBLICA OS LIVROS "VING TSUN TRILOGY" E "A LEGEND OF KUNG FU MASTERS", EM HONG KONG.
1992- É ELEITO PRESIDENTE DA NEW YORK MOY FAMILY ASSOCIATION, ENTIDADE RECONHECIDA COMO REPRESENTANTE DA FAMÍLIA MOY NOS ESTADOS UNIDOS.
1993 - É CONVIDADO PARA PRESIDIR A "CHINA-UNITED STATES EXCHANGE ART CENTER", RECONHECIDA PELO GOVERNO AMERICANO COM O PROPOSITO DE PROMOVER A CULTURA CHINESA.
1995 - REUNE-SE COM OS FILHOS DO PATRIARCA YIP MAN,GRÃO-MESTRE YIP CHING E GRÃO-MESTRE YIP CHUN PARA DISCUTIR O FUTURO DO SISTEMA VING TSUN.
1996 - OUTORGA PARA TREZE DE SEUS PRINCIPAIS DISCÍPULOS O TÍTULO DE MESTRE SÊNIOR.
1997 - PARTICIPA DA FUNDAÇÃO DA INTERNATIONAL MOY YAT VING TSUN FEDERATION, QUANDO É RECONHECIDO COMO PRESIDENTE HONORÁRIO.
APÓS 40 ANOS DEDICADOS AO ESTUDO E A TRANSMISSÃO DO SISTEMA VING TSUN DECIDE APOSENTAR-SE, SATISFEITO COM O TRABALHO REALIZADO POR SEUS DISCÍPULOS.
2000- VISITA O BRASIL PELA 6° VEZ, INAUGURANDO SEU PRÓPRIO BUSTO QUE FOI ESPECIALMENTE DOADO PARA A FAMÍLIA MOY YAT SANG POR ELE.
2001 - FALECE EM SUA RESIDÊNCIA EM QUEENS, NEW YORK, NY, CONSAGRADO COMO A MAIOR AUTORIDADE DO SISTEMA VING TSUN DO OCIDENTE.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ving Tsun, A TRANSLITERAÇÃO OFICIAL.


A primeira vez que o nome de nossa arte foi mencionada numa publicação no ocidente foi no livro Chinese Gun Fu, The philosophical art of self-defense, de autoria de Bruce Lee, publicada em 1963 pela Oriental Book Sales, na cidade de Oakland, California, Estados Unidos. Na introdução do livro, Bruce Lee escreveu: “Faz alguns anos que venho praticando Wing Chuing, a escola da arte sem arte...”. Ainda nesta obra, o editor James Yimm Lee disse: “Aos 13 anos, ele (Bruce Lee) encontrou o Mestre YIP MAN, líder da escola de WING CHUN de GUNG FU e, desde então, ele tem se dedicado ao estudo deste sistema”.


Conforme as linhas acima, por não haver nenhuma forma oficial de transliteração, notaram que foram utilizadas duas formas distintas para transcrever o nome de nossa arte: “WING CHUING E WING CHUNG”.


Em 1961, a revista Black Belt foi fundada em Burbank, California, Estados Unidos, vinda a se transformar na mais famosa revista de Artes Marciais do mundo. Na sua edição de novembro de 1967, publicou o artigo “ in Kato’s Gung Fu Action is Instant”, escrito por Maxwell Pollard.


Nesta ocasião, Bruce Lee declarou: “eu devo meu atual estágio de desenvolvimento ao meu treinamento prévio no estilo WING CHUN, um grande estilo. Esta arte foi ensinada a mim pelo Sr. Yip Man, o atual líder do clã WING CHUN em Hong Kong, onde fui criado”.


Observe que, neste caso, a transliteração “WING CHUN”, hoje extremamente popular, foi usada pela primeira vez numa publicação de língua inglesa.


A partir daí, todas as publicações em inglês passaram a utilizar esta grafia.


O primeiro livro sobre VING TSUNG foi publicado em 1969 pela Paul H. Cromp. Ltd., na cidade de Londres, Inglaterra. O co-autor desta obra foi Greco Wong ( Wong Wai Chung), discípulo de Grão-Mestre Moy Yat. Chamava-se Wing Chun Kung Fu, Chinese Sef-Defense Methods.


Nos Estados Unidos, o primeiro livro publicado foi Wing Chun, Chinese Art of Self-defense, de autoria de James Yimm Lee, em 1972 e com consultoria técnica de Bruce Lee, em 1972, pela Ohara Publications, INC., na cidade de Los Angeles, California.


Na década de 60, nossa arte tornou-se extremamente popular em Hong Kong, sendo considerada a mais praticada dos mais de cem estilos de Kung Fu existentes na cidade. Era necessário fundar uma associação geral que dirigisse nosso sistema. Assim, o patriarca Yip Man e seus discípulos passaram a trabalhar incessantemente para este fim.


Foi criado um comitê preparatório e Grão-Mestre Moy Yat foi nomeado seu presidente.


Nesta época de extrema popularidade, as pessoas em Hong Kong passaram então a utilizar o termo “WING CHUN” como o modo informal de transliteração. Não demorou muito para se utilizar apenas as iniciais para designar nossa arte, ou seja, WC.


Com a fundação da associação geral, era preciso estabelecer uma transliteração oficial para o nome de nossa arte.


Grão-Mestre Moy Yat, um dos poucos discípulos diretos o patriarca Yip Man, que falava inglês, surgeriu que a transliteração popular “Wing Ching” com suas iniciais WC poderia causar embaraço aos nossos praticantes, já que WC são também as iniciais de Water Closet, que quer dizer banheiro em inglês. Ouvindo isso, o patriarca determinou que se estudasse a transliteração adequada.


Desta maneira, com a fundação da HONG KONG VING TSUN ATHLETIC ASSOCIATION, o termo Ving Tsun tornou-se a transliteração oficial de nossa arte.

domingo, 28 de junho de 2009

MOY YAT VING TSUN KUNG FU BRASILIA

Mestre Nataniel Rosa, diretor do núcleo Brasilia da MOY YAT VING TSUN KUNG FU, com sede no plano piloto - asa sul, teve o prazer de participar do treinamento mensal de Mestres, comandado por Mestre Leo Imamura na capital paulista.
Esse treinamento contou com a presença dos mestres: Anderson Maia (Núcleo savassi-BH), Julio Camacho(Núcleo Barra-RJ), Fabio Matsushita (Núcleo São Bernardo - SP) e Mestre Washignton Fonseca( Nùcleo São Paulo-SP).
Juntamente com esse encontro, foi celebrado o aniversário da Lider da Grande Familia Moy Yat Sang, Simo Vanise Imamura. A celebração foi realizada em um restaurante especializado na culinária Argentina, localizado na zona sul de São Paulo .
Foi uma festa com um tom mais intimista,onde somente alguns discipulos e mestres da Moy yat Ving Tsun participaram.
Mestre Nataniel Rosa também pode acompanhar o dia a dia de seu Mentor e ver como o trabalho da organização esta sendo levado para outros ramos de atividade humana. Mestre Leo Imamura é consultor de algumas empresas no Estado de São Paulo, sendo que seu trabalho consiste em preparar altos executivos para os seus cargos.
É muito bom ver como uma Arte Marcial tão antiga pode ajudar o homem moderno e
globalizado a desenvolver inteligência estratégica.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

KUNG FU - O TERMO MAIS FAMOSO NAS ARTES MARCIAIS CHINESAS

Este termo na década de 70 tornou-se mundialmente conhecido. No entanto, seu significado é muito mais antigo e profundo.
O ideograma “KUNG” pode ser traduzido como “consumação ou realização de uma façanha em certos campos de atividade”. Ele é composto dos caracteres “KUNG” e “LIK”. O caracter “KUNG”, conforme interpretações tradicionais, tem origem no esquadro do carpinteiro.
Recentemente, descobriu-se que certas peças, que existiam antes do período SHANG, podem ter sido excelentes protótipos para o ideograma “Kung”.
Como substantivo, o caracter “KUNG” pode ser traduzido como trabalho (principalmente trabalhos manuais), enquanto que como adjetivo,“KUNG” pode significar habilidoso. Quando o caracter “LIK”, por mais de dois mil anos acreditava-se que o mesmo tinha origem na figura de um braço, mas atualmente esta tese tem sido questionada. Recentes estudos etimológicos e novos achados arqueológicos indicam que este ideograma evoluiu do símbolo de um implemento agrícola, já que o seu significado é força, vigor, potência ou energia.
Uma pessoa que transmite seus conhecimentos de Arte marcial para outros, tornando-se proficiente em tal missão, alcançou um grau de “KUNG”. Se esta pessoa alcançar um nível ainda mais elevado, adquirindo uma reputação excelente tanto para sua arte quanto para si, então seu grau será de “Kung Go”, que significa “Alto Grau de Kung”.
O ideograma “FU” literalmente significa homem maduro ou marido, pois este sinal advém da figura de um homem com uma presilha para prender seus longos cabelos.
Nós no cabelo e presilhas indicavam não só maturidade, como também elevada posição. Assim, pode significar também um artista marcial com caráter Heróico.
Quando “Kung” e “FU” são colocados juntos, eles representam uma pessoa que tem “MO TAK”, ou seja, princípios morais altamente elevados combinados com a habilidade em arte marcial. Esta pessoa usa sua arte para auxiliar os necessitados através de uma maneira cavalheiresca e humilde.
Genericamente, o termo KUNG FU pode ser traduzido como “tempo e esforço desprendido numa atividade” ou “grau de perfeição alcançado em qualquer área de atuação” ou ainda “conhecimento profundo em um assunto”.
Poucas civilizações do mundo deram tanto valor a sua arte marcial como o povo chinês, relacionando a mesma com os conhecimentos místicos, filosóficos e medicinais de sua cultura. Este fato que tem proporcionada uma contribuição inestimável para toda a humanidade há mais de 5.000 anos.

A origem mítica da arte marcial chinesa

“A habilidade suprema dentro das Artes Marciais não consiste em obter uma centena de vitórias numa centena de batalhas, mas sim em dominar o inimigo sem combater”
Sun Tzu, o primeiro estrategista da historia chinesa, ao escrever estas linhas há 2.500 anos, sintetizou com grande propriedade o pensamento marcial chinês.
No entanto, a Arte Marcial surgiu na china milhares de anos antes.
No período dos soberanos míticos (4.000 a 2.000 a.c), houve uma grande guerra entre Huang Di, o Imperador Amarelo, e Chi You, o Deus da Violência, que era a própria encarnação do caos universal.
Após várias batalhas sem vencedor, Huan Di retirou-se no Monte Tai, passando o comando de suas tropas para um de seus subordinados. Após três dias e três noites meditando sobre as razões pelas quais não conseguia vencer Chi You, uma fada com a cabeça de mulher e corpo de pássaro chamada Xuan Nu veio até ele.
Huang Di curvou-se a sua frente reverenciou a fada. “ Sou a Dama de Negro”, disse a mulher. “Qual é o seu desejo?”.
“Eu gostaria de vencer todas as minhas batalhas”. Huang Di respondeu. Assim Xuan Nu ensinou a Huang Di os segredos das Artes Marciais, possibilitando ao Imperador Amarelo a compreender a natureza do combate. Foi assim que ele venceu Chi You.
Ao contrario do que muitos pensem este conto, um clássico da mitologia chinesa, não é um registro histórico. Contudo, este fato não diminui sua importância junto aos artistas marciais chineses, pois, pela primeira vez, a origem da arte Marcial, ainda que mitológica, foi discutida.

WUSHU

O termo formal, no dialeto oficial, que os chineses utilizam para designar sua arte marcial é WUSHU. O ideograma “WU” significa literalmente marcial ou militar. Por se tratar de um ideograma composto, “WU” é uma combinação de dois outros caracteres: “CHY” e “GE”.
“GE” representa o machado, uma das armas mais utilizadas da antiga china. “CHY” inicialmente significava “pé”, sua origem pode ter advindo da figura de um pé com os dedos afastados. Figura semelhante foi encontrada num caco de jarro de 3.200 anos, descoberto na cidade de Gaocheng. Presumivelmente, por representar a pegada nítida de um homem, que para tal devia estar naquele instante parado. “CHY”, ao longo dos anos, passou a significar “parar” ou “estacionar”.
Em outras palavras, “WU” (marcial) representa a defesa contra uma arma, indicando a ação contra a violência, a defesa contra as mais diversas agressões quer sejam elas físicas ou não


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Moy Yat Ving Tsun Kung Fu

Todas as quintas-feiras aconteçe no núcleo da Moy Yat Ving Tsun em brasilia o que chamamos de Sessão “PIPOCA”.
Os temas discutidos durante, obviamente, abordaram o mundo das Artes Marciais que vai desde a Relação Mestre Discipulo, etiqueta e Genealogia do Sistema Ving Tsun.
O primeiro filme, de origem japosena é conhecido como ”Depois da chuva “. Um filme escreito por Akira Korossawa, onde a estratégia utilizade durante a etiqueta fica muito evidente. Esse filme levou a todos a um processo de reflexão sobre cada uma das ações tomadas em nosso dia-a-dia e de como os conceitos da Arte Marcial podem ser empregados nas mais simples ações de nosso cotidiano.
O segundo Filme passado aqui no núcleo, é conhecido como “Silent Flut”. Esse filme foi escrito por Bruce Lee, mas somente foi filmado anos depois de sua morte.
Acho esse um filme muito interessante pois aborda a jornada de um praticante de Artes Marciais, e seu aprendizado que envolve naturalmente a relação Mestre-Discipulo.
È um filme que possui muita filosofia em seu conteúdo, fazendo com que as cenas de luta deixem de ter tanta importância, dessa forma levando os espectadores a apreciarem o que chamo de "jornada do Díscipulo”.
O terceiro filme, que na verdade foram “dois” no mesmo dia, mostrava fatos muito interessantes ocorridos no Clã Moy Yat Sang e que muitos dos praticantes da atualidade desconhecem. Mostramos Mestre Léo Imamura como apresentador do programa “ZEN o mundo das Artes Marciais”, mostrando dessa forma uma pequena parte da Família KUNG FU.
O ultimo filme mostrava Mestre Leo Imamura falando a respeito da Genealogia do Sistema Ving Tsun(wing chun). Mostrando a trajetoria que esse estilo de Kung Fu seguiu com a ida do Patriarca YIP MAN a Hong Kong e o inicio de Grão Mestre Moy Yat na familia Kung Fu até sua ida para Nova York em 1973.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Arte Marcial - Uma viagem via Roma e China

A palavra ARTE simboliza algo realizado por um ser capaz, eminente, com habilidade, perícia e sabedoria. A raiz do termo em latim, ARS, implica o sentido de imaginar, inventar, além do de acomodar, adaptar.
Arte e ofício manual coincidem no sentido em que ambos produzem uma obra sensorialmente perceptível. Contudo o ofício manual tem em mira o utilizável, o proveitoso, ao passo que a arte se aplica ao belo. Há beleza natural na medida em que as coisas manifestam, de maneira luminosa, as idéias contidas nelas. A beleza artística de não se limitar a ser mera repetição ou cópia fiel da beleza natural.
À arte é permitido fazer que as idéias brilhem com profundeza e vigor inteiramente nova e que os mais indecifráveis segredos da existência transpareçam em suas obras.
Sua tarefa principal consiste, não em reproduzir coisas, mas em manifestar idéias.
A arte exige, essencialmente intuitividade sensorial, e estas formas constituem sua linguagem , sendo que a expressão sensível não pertence necessariamente à beleza em si.
O termo MARCIAL é derivado de Marte,nome latino de ARES, deus da guerra na mitologia grega. Ele era uma das doze divindades do Olimpo , sendo filho de Júpiter e Juno. Marte foi educado por Príapo, com quem aprendeu a dança e outros exercícios corporais, prelúdios da guerra.
Os romanos tornaram Marte a mais importante de suas divindades, consideravam-no pai de Rômulo e Remo, os fundadores de Roma. Inicialmente, cultuavam-no como o deus das tempestades, invocavam-no para impedir que seus efeitos maléficos – chuvas fortes granizo e neve- destruíssem as plantações. Mais tarde, provavelmente identificando a idéia de força instintiva contida na tempestade,os romanos o transformaram num deus guerreiro, o protetor de suas lutas e conquistas. Nenhum empreendimento era planejado sem antes consultá-lo.
Neste contexto, Marte está representando em duas categorias: Nodons, o rei-sacerdote, saído da classe guerreira, mas que exerce uma função sacerdotal; e Ogmios, o deus dos elos, que é o campeão, mestre do combate com as mão livres, da magia e do poder desconhecido.

Domínio das paixões brutais

A guerra representa muitas idéias e Marte, dentro da mitologia romana, simbolizava a guerra interior.
Em Roma, as numerosas festas em seu louvor tinham um caráter de purificação, pois os romanos acreditavam que a natureza ficava mais limpa e pura após uma forte tempestade. Depois de cada batalha vitoriosa eram realizadas festas que destacavam o caráter militar da divindade.
Nos mistérios de Marte, nome comum dado em Roma aos cultos que se celebravam ao deus da guerra, entendia-se que todo o caminho guerreiro levava o celebrante à reunificação final.
Essa busca, que o homem desde os tempos imemoráveis procura dentro de seu ser, justifica-se em virtude da percepção consciente ou inconsciente de que ele perdeu algo dentro de si mesmo, algo de valor inestimável. Nos dias atuais, mais do que nunca, o ser humano sente a necessidade de reunir-se com si próprio.
As artes marciais , pelo que Marte representava, simbolizam evolução espiritual através do domínio das paixões brutais. Como já dissemos, o termo arte marcial vem de Marte, o deus da guerra da mitologia romana. Paralelamente, o ideograma chinês no dialeto mandarim, WU, poderia perfeitamente ser traduzido por marcial.
Em chinês, marcial é representando por um ideograma composta por dois caracteres – GE e GY. O primeiro representa o machado, uma das armas mais utilizadas na antiga china; sendo o segundo significa para ou deter. Em outras palavras, Wu (marcial) simboliza a defesa contra uma arma, indicando a ação contra a violência, a defesa, contra as mais diversas agressões, quer sejam elas físicas ou não.
Para firmar esta idéia, destacamos um antigo poema chinês:
“Aprenda as formas de preservar antes das de destruir. Evite antes de repelir,
Repila antes de ferir,
Fira antes de aleijar,
Aleije antes de matar,
Por que toda a vida é preciosa e nunca pode ser substituída.”
Os chineses acreditam que na natureza o homem é o ponto de equilíbrio entre o Céu a Terra. Nas artes marciais chinesas a pratica física da arte é penas o seu aspecto mais tangível, serve apenas de instrumento para que o praticante se enverede e compreenda o verdadeiro significado de sua senda.
Eles também acreditam que o homem está em total desarmonia com o universo em virtude do afastamento de sua natureza original. Desta forma, o principal motivo da infelicidade humana é o afastamento de si próprio.
A arte marcial e convertida, assim, numa das mais eficazes formas idealizadas pelo povo chinês, através de uma sabia cultura milenar, para que os ser humano se harmonize consigo próprio e cm as coisas que o rodeiam.

O corpo nunca mente


O homem, por viver em grupo, necessita receber e transmitir informações para edificar sua personalidade, implicando na necessidade de perceber e externalizar o que ele sente e pensa. Neste processo comunicativo observamos que a linguagem corporal resulta na primeira forma manifestativa do nosso “eu”.
Sem duvida, este tipo de linguagem se tornou mais elaborado quando nos transformamos de quadrúpede em bípede.
Esta mudança proporcionou a liberdade das mãos, que passaram a manipular o meio transformando-se no grande instrumento de manifestação do homem.
È dito que o corpo, através de sua linguagem, nunca mente e grandes pensadores chineses concluíram que em nosso corpo ficam registradas todas as experiências vividas por um ser humano, ao nível consciente ou não.
O corpo pode ser empregado das mais variadas formas, com as mais variadas manifestações. Por seu poder de comunicação, os movimentos passaram a integrar o processo educacional da sociedade chinesa, percebendo-se uma relação íntima entre os movimentos do corpo e os da natureza que o cerca.
O movimento, desde os primórdios da raça humana, tem sido utilizado para representar aquilo que o homem pensa e sente.
Talvez, por isso os gestos de autodefesa sejam os mais significativos dentro da linguagem corporal, pois manifestam o instinto de preservação da espécie, que é comum em todos os seres vivos.
Esta é uma das razões pela s quais as artes marciais chinesas continuem a ter grande utilidade nos dias de hoje. Seu valor maior não esta em ser uma arte de combate, mas sim em preservar o combate, lá que através desta simbologia os movimentos podem atuar de forma global no individuo podendo servir como instrumento na sua formação física, intelectual e emocional. È por esta razão que os sábios chineses, do presente e do passado utilizam a linguagem corporal para compreender e serem compreendidos em questões que a racionalização, por si só, é incapaz de resolver.
Neste momento é oportuno esclarecer a que tipo de guerra estamos nos referindo.
De maneira ideal, a guerra tem por fim o restabelecimento da paz, da justiça, da harmonia, nos planos cósmicos e social (como no caso das sociedades chinesas antigas). A guerra representa a manifestação defensiva da vida. È o domínio da ação, do combate pela unificação do ser.

Centenas de estilos
Quando se fala de guerra nos textos tradicionais chineses, a expressão deve ser compreendida também no sentido espiritual.
Não se trata apenas de uma guerra exterior, mas sim a luta que o homem trava consigo próprio. È o confronto das trevas e da luz no homem. Cumpre-se na passagem da ignorância para o conhecimento.
Assim, concluímos que as artes marciais são uma das mais importantes formas de expressão corporal encontradas pelo povo chinês para possibilitar a absorção plena de seu aprendizado nos mais diferentes campos de atuação.
A história das artes marciais chinesas é rica e variada. Existem centenas de modalidades, subdivididas em outras centenas de estilos. Cada um destes estilos possuem dezenas de diferentes linhas ou escolas. A diversidade intrínseca das artes marciais chinesas torna seu estudo dificultoso e árduo.
Por essa razão, a classificação didática das artes marciais chinesas torna-se imperativa para que o estudioso tenha condições de situar-se quanto à sua vasta abrangência.



sábado, 13 de junho de 2009

A Transcendência de um Artista Marcial.

Ao longo da civilização chinesa, alguns homens se destacaram por seu conhecimento nas artes tradicionais chinesas. Todas elas auxiliavam o individuo alcançar as principais virtudes apregoadas pela humanidade, quais sejam: humildade, determinação, tranqüilidade, bondade, justiça e lealdade, dentre outras.
Essas antigas artes podiam ser separadas em duas categorias: as que o envolvimento físico era predominante, como as artes marciais e a condução de carruagens; e as que eram consideradas mais delicadas ou intelectuais, como a pintura, a Escultura, a literatura, a caligrafia, a música a Matemática.
“Principio de Ying-Yang” ensina-nos que os opostos devem coexistir, interagindo-se harmoniosamente. Da mesma forma, no passado, era considerado um verdadeiro artista aquele que dominava as artes pertencentes ás duas categorias citadas.
Grão-Mestre Moy Yat, seguindo a orientação de seu mentor, o falecido patriarca Yip Man, iniciou-se no estudo das Artes Tradicionais Chinesas, desde muito jovem. Embora seja conhecido mundialmente no campo das artes marciais, em particular o sistema Ving Tsun, ele também é um mestre da Pintura, Escultura, Literatura e Caligrafia.
Embora uma figura freqüente nas revistas especializadas em arte chinesa, afinal é consultor do Museu de História Natural de Nova York e da academia de artes chinesas, é a primeira vez apresentada ao público o seu lado pouco conhecido, cabendo esse privilégio a revista KIAI.
As vésperas de sua aposentadoria oficial, seu Kung Fu é ainda no mínimo impressionante. È incrível o poder do tempo sobre pessoas que tem se dedicado honestamente á pratica de sua arte.
Esta entrevista realizada em Nova York, é uma confirmação do que escreveu o DR. Cameron Hurst, professor de História Chinesa e Coreana da Universidade da Pensilvânia e diretor do centro para Estudos do Leste Asiático da mesma universidade: “...a devoção única a um caminho em particular era defendida largamente especialmente nos textos de artes marciais.
A idéia é que se uma pessoa dedicar exclusivamente a compreensão total de um único caminho, então paradoxalmente, seu entendimento será consistente em todos os caminhos.
Miyamoto Musashi, por exemplo, declarava que depois de anos de devoção única ao “ Heio”( artes marciais) , ele finalmente tornou-se um perito em uma variedade de “ Geido” (caminhos Artísticos), todos sem ajuda de um mestre.
Acompanhe a trajetória deste incrível mestre, o último de sua estirpe, que atribui todo seu desenvolvimento artístico á pratica da arte marcial, sua amada Arte Ving Tsun.

Como as Artes Marciais estão inseridas nas Artes tradicionais chinesas?

“As artes marciais fazem parte das chamadas Artes Tradicionais chinesas. Talvez em virtude das artes marciais conciliarem a estética com o utilizável, sendo consideradas por muitos chineses côo a mais importante das Artes Tradicionais Chinesas.
Pelo fato de meu pai ter sido um artista, permitiu que desde criança tivesse contato com as Artes Tradicionais Chinesas. Acredito que as outras artes tradicionais possibilitem que o artista marcial desenvolva uma extremamente alta sensibilidade artística, tão necessária em qualquer manifestação humana.
Ainda que durante décadas o meu foco principal tenha sido o estudo da arte do Ving Tsun, atualmente tenho dedicado as manhãs e as tardes para outras artes tradicionais, deixando apenas o período da noite para a prática da arte marcial.
Como desde jovem tenho treinado dormir pouco, sempre tenho muito tempo para dedicar-me ás artes, sem deixar de realizar outras atividades.”

No prefácio do seu livro “ A Legendo f Kung Fu Masters”, um famoso jornalista de Hong Kong deixa claro que mesmo na china poucos mestres conseguem dominar tantas excelências quanto o senhor. Como isto é possível para um mestre em pleno século XX?

“Devido ao meu aprendizado de Ving Tsun com o Grande Patriarca YIP MAN pude aprender como administrar devidamente o tempo, o que permitiu que tivesse a oportunidade para e dedicar a outras artes tradicionais chinesas. Ving Tsun ensina dentre outras coisas a como alcançar o domínio temporal. Com isso, o praticante passa a ter tempo para dedicar-se a outras atividades de interesse. No meu caso, dediquei-me ás Artes Tradicionais Chinesas; outros praticantes de Ving Tsun dedicam-se a outras excelências da vida.
Muitos enxergam o artista marcial como um lutador, um ser embrutecido. Isto porque muitos pregam a dedicação exclusiva para sua própria arte, ignorando outros ramos de atividade. Em Ving Tsun, ensinamos a ver a arte marcial como meio de alcançar as outras artes e não um fim em si mesmo.”

Mas como sua arte, o Ving Tsun, propicia que uma pessoa comum consiga ser bem sucedido em tantas áreas do conhecimento humano?

“ A arte do Ving Tsun ensina-nos a aprender como aprender. Acredito que o ponto mais importante é primeiro ter um bom domínio do sistema Ving Tsun. Através de seu aprendizado, o praticante de Ving Tsun aprende a realizar dois e até três movimentos ao mesmo tempo. Isto seguramente irá refletir nas atividades de seu dia-a-dia. Em meu caso, mesmo as artes ocidentais são de meu Interesse. Por exemplo, lembro-me que em Hong Kong, durante um período, aprendia de manhã a como fazer montagens de fotografias e de noite a como criar DRINKS. Ultimamente, tenho me dedicado há algum tempo á música tradicional chinesa e a Ópera Chinesa. Penso que a humildade é essencial para que pratiquemos anos a fio. Muitos pretensiosos, após algum tempo, simplesmente acreditam que são bons o suficiente para parar de praticar. Não é o meu caso. Por isso creio que devemos saber como administrar nosso tempo, visto que somente assim poderemos estar dedicando devidamente ás praticas que escolhemos durante toda a vida.”

Por favor, explique com mais detalhes como Ving Tsun pode ensinar a economizar tempo?

“Na Antiga china, a prática das Artes Tradicionais estava relacionada com a classe social. Somente os mais privilegiados socialmente tinham disponibilidade para dedicar-se ás artes.
Por esta razão, sob determinado ponto de vista, o tempo é mais valioso que o dinheiro.
Contudo, Ving Tsun passou a ensinar as pessoas a como economizar tempo. Em outras palavras, a como ter mais disponibilidade temporal. Assim pessoas de classes menos privilegiadas como eu, puderam dedicar-se ás artes. Contudo, era preciso desdobrar e ser muito dedicado. Através do Ving Tsun , desenvolvemos a percepção para economizar tempo a cada momento. Por exemplo, nas refeições procuro comer o mais rápido possível.
As pessoas comuns poderão dizer que isto faz mal, mas se você tiver o foco mental no ato de comer, não só a comida será mais bem aproveitada pelo organismo como você poderá comer bem mais rápido que o normal. Outro exemplo, ao caminhar, procuro sempre o caminho mais curto, nunca ando em círculos. Mesmo em lugares cheios de pessoas, é importante prever a trajetória das pessoas que estão vindo em sua direção. Mais um exemplo: ao falar, procuro explicar o máximo possível com o mínimo de palavras. Escolher as palavras certas e energia em cada uma delas, aumenta o entendimento de seu pensamento e diminui a repetição das frases.
As pessoas devem compreender a natureza do tempo para se dedicarem mais ao aprendizado da vida. Por isso todo meu tempo é utilizado para que possa me aperfeiçoar.”

Atualmente o senhor é considerado um dos maiores especialistas na confecção de selos (carimbos) tradicionais chineses do mundo. Poderia explicar algo a respeito dessa arte?

“A Arte dos selos tradicionais chineses é uma das mais difíceis de expressão, pois é preciso ter conhecimento dos ideogramas arcaicos – alguns datando de milhares de anos – e saber como escrevê-los dentro da estética adequada. Além disso, é preciso ter a habilidade de saber como esculpir os ideogramas nos selos de pedra, qualquer erro pode arruinar todo o trabalho, uma vez que é impossível fazer retoques.
Por sua dificuldade intrínseca esta arte demanda muito tempo para ser dominada. È por isso não possui muitos peritos. Como minha natureza é enfrentar desafios, identifiquei-me de imediato com essa arte.
Já se passaram quarenta anos e ainda continuo a praticar. Felizmente, hoje vários de meus alunos são muitos respeitados nesta arte, o que me leva a crer que ela ainda será preservada por muitos anos.”

Na década de 60, o senhor uniu a Arte Marcial e a Arte dos selos tradicionais ao desenvolver a famosa coleção “Ving Tsun Kuen Kuit”, supervisionada pessoalmente pelo patriarca YIP Man. Como surgiu essa idéia?

“ Os praticantes de Ving Tsun necessitavam de ter uma fonte fidedigna sobre a história de nosso estio. A preocupação do patriarca YIP MAN era que a sabedoria ancestral pudesse se perder para sempre. Ao registrar em pedra todo esse conhecimento, o legado dos antepassados estaria garantido para se transmitido para as gerações posteriores. A história tem mostrado que muitos documentos em papel foram destruídos, perdendo-se para sempre a herança dos nossos ancestrais. E por esse motivo que a pedra representa a eternidade. Ela não pode ser queimada ou rasgada.

Na área da pintura, o senhor desenvolveu uma nova técnica monocromática que estruturou toda uma coleção chamada “BLUSH STROKES”. Por que esta coleção é tão polêmica?

“Porque o tema da coleção “ BLUSH STROKES” é sexo. No meio artístico existe ainda um certo preconceito com relação a este tema. Alguns pintam o nu artístico. Mas principalmente os mais famosos evitam realizar pinturas de pessoas fazendo amor, ou seja, eles evitam o tema com relação aos ato sexual em si. Como artista, compreendo que a arte deve transcender os preconceitos morais, assim tenho arriscado a fama que construí durante os quarenta anos de minha carreira para preencher uma lacuna que é expressar a estética do que julgo um dos momentos sublimes da natureza humana.
Para isso desenvolvi uma técnica monocromática, com traços simples, numa concepção abstrata, seguindo exatamente a concepção estética da arte do Ving Tsun.”

Porque o nome “blush Strokes”?

“Blush Strokes” é um tracadilho de “Brush Strokes”. “ Blush”, em inglês, é quando alguém se sente envergonhado e acaba ficando enrubescido. Fato que muito ocorre quando falamos de sexo. E também muito similar a “Brush” que, em inglês quer pincel.
Quando a “Stroke”, em inglês, pode significar tanto um movimento de quando fazemos amor como também um traçado realizado pelo pincel. Assim, o nome conjuga o tema com a técnica. O tema “Blush Strokes “ pode ser traduzido como “ o enrubescimento ao ver duas pessoas fazendo amor”, enquanto que a técnica usada é “ Brush Strokes”, ou seja, a técnica de traços simples. Sem duvida, o nome ideal para veicular minha mensagem”.

Enquanto veículo de perpetuação de uma expressão, qual a diferença entre as artes marciais e as outras artes tradicionais chinesas?

“Sob esse ponto de vista dizer que de um lado estão aquelas como a Pintura Tradicional chinesa, onde sua expressão fica registrada para posteridade. Mas são estáticas, porque refletem para sempre aquele momento especial que ao mudar o contexto pode deixar de ser especial.
Mas mesmo assim, sua obra e a assinatura de seu autor estarão lá para serem vistas e compreendidas pelas gerações futuras.
Do outro lado estão as Artes Marciais e a Ópera chinesa Elas são dinâmicas, pois podem ser transformadas a cada contexto. Contudo, sua expressão não pode ser capturada a não ser pela mente humana. Aquele momento de brilhantismo, onde anos de pratica intensa podem registrá-los, pois não captaria a magia daquele momento. Somente através da transmissão pura dos sentimentos é que a arte poderá ser perpetuada. Apenas os verdadeiros discípulos perpetuarão a arte devidamente. Por este motivo que a china, a escolha de um discípulo é tão séria quanto a escolha de um mestre. E é ai que reside a importância de um sistema tradicional de arte marcial.
São por estas razões que exerci ambas as formas de perpetuação da arte, pois ela se completam.”
Já que citou a Caligrafia Tradicional Chinesa, qual a sua opinião a respeito da popularidade desta arte?

“ Para desenvolver seu senso artístico através da caligrafia é necessário muito estudo e dedicação.
Harmonizar traços curós com traços longos ou ainda finos com traços grossos é tão difícil quanto decidir o tamanho de cada ideograma em seu conjunto.
Esta percepção estética é só possível através de grande exercício mental , o que atrai pessoas que desejam utilizar suas mentes de uma forma mais completa.”
Com Hong Kong voltando a pertencer á Republica Popular da China em 1997, muitas famílias tradicionais chinesas estão deixando a cidade, emigrando para os Estados Unidos.

O senhor tem sido procurado por muitas dessas famílias para ser tutor de seus filhos, onde estes jovens teriam acesso à cultura tradicional chinesa, através do aprendizado das principais artes tradicionais. Acredita que as antigas artes estão em fase de extinção e não sobreviverão no próximo século?

“Durante muito tempo preocupei-me com o fato de não haver nenhuma pessoa que pudesse preservar as Artes Tradicionais chinesas, em particular o sistema Ving Tsun.
Hoje estou tranqüilo, já que alguns de meus discípulos conseguiram captar a essência da arte, tornando-se mestres da arte. Isto faz com que finalmente as pessoas compreendam que o que transmito é o sistema Ving Tsun e não meu próprio conhecimento.
A essência da arte do Ving Tsun esta em transmiti-lo puro. Talvez por este motivo que pessoas de todo o mundo ainda que esteja ás vésperas da aposentadoria oficial, venham até mim para receber o conhecimento puro da arte do sistema Ving Tsun.
Mesmo que morra, tenho certeza que meus discípulos continuarão a preservar meu legado.”