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segunda-feira, 6 de junho de 2011

EDUCAÇÃO FISICA E ARTES MARCIAIS: POR UMA APROXIMAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL

As lutas, as artes marciais e as modalidades esportivas de combate implicam um verdadeiro “mosaico”ou “espectro”de manifestações corporais da cultura contemporanea. A diversidade e a pluralidade dessas manifestações podem ser evidenciadas nas mais distintas instâncias da vida social e cotidiana. Como exemplificação, podemos identificar programas e praticas sócio-educativas em âmbitos como clubes, academias, insttitutos, escolas, empresas, organizações não governamentais e, com especial destaque, nas políticas públicas de educação, lazer e esporte.
Assim sendo, podemos inferir que o universo das lutas e artes marciais está engendrando na contemporaneidade com ampla projeção social, o que, por sua vez, favorece um deslocamento do reconhecimento público do campo do “exótico” para os domínios do senso comum.
Elucidando melhor, aquela imagem de homens com dotes físicos extraordinários, com habilidades acrobáticas espetaculares, ou seja, uma realidade a ser disposta para poucos, cada vez mais, vai sendo substituido por algo bem mais próximo e acessível do cidadão e da cidadã comum. Na medida em que a presença dessas praticas sociais se constitui como promessa de desenvolvimento e progresso humano para crianças, adolecentes, adultos e idosos, as idéias e representações sobre essas mesmas se consubstanciam como patrimônio ou objeto relevantes da cultura.
Entretanto, ainda que possamos identificar a crescente popularização dessas manifestações, o referido processo não está destituido de ambivalências e contradições. As questões relativas ao ensino e aprendizagem das lutas e artes marciais, os processos de desenvolvimento técnico e tático, os procedimentos organizacionais e administrativos, além das dimensões éticas e humanistas, expressam alguns elementos ou contextos que, de forma muito recorrente, são “grávidos” de paradoxos, contradições, crises e possibilidades.
No que tange os atores sociais diretamente envolvidos com as realidades das L/AM/MEC, temos atletas, alunos, discípulos, técnicos, professores, mestres, administradores, gestores e legisladores.
Tomando a esfera do mundo produtivo que inclui sites, revistas, materiais esportivos, empresas de eventos e espetáculos esportivos/combate,
identificamos um grau premente de inserção e articulação dessas instancias junto ao enredo global, desafiando as fronteiras do tempo e do espaço, ou seja, estamos diante de um fenômeno globalizado e globalizador. O desenvovimento das lutas e artes marciais depende entre uma multiplicidade de condicionantes, dos avanços provenientes da elaboração de conhecimentos científicos e técnicos, além do inexorável fomento e preparo dos seus múltiplos agentes.
Sendo assim, dada a inquestionável presença desses fenômenos no cotidiano, se torna imperativo a problematização da qualidade e da pertinência dos programas de L/AM/MEC, especialmente quando as promessas de inclusão social e cidadania são “aderidas”como justificativas para inserção dessas práticas junto ás políticas públicas de educação e cultura. A presença das L/AM/MEC junto aos Parâmetros curriculares Nacionais (PCN) e na PROPOSTA CURRICULAR de EDUCAÇÃO FISICA DO ESTADO de SÃO PAULO, indicam que a temática é digna e passivel de se constituir em conteúdo do processo de escolarização. Não obstante, constatamos também a presença dessas atividades como parte das estratégias de “risco social” uma vez que se pressupões que as referidas manifestações são constituidas de um valor intrínseco”do ponto de vista educativo.
Também não é nada desprezível, a inserção destas atividades junto ao MOVIMENTO OLIMPICO, com especial destaque, a expressão com essas modalidades ocupam no cenário esportivo brasileiro.
Entretanto, medidas tantas assertivas e pressupostas, se torna indispensável uma problematização na direção dos dominios do senso comum. Nessas perspectiva, mensagens amplamente veiculadas com; “as artes marciais são milenares”, “são originárias do oriente”, possuem filosofia”, “disciplinam as almas e corpos das pessoas”, fazem bem para a saúde”, servem como defesa pessoal eficaz”; precisam ser escrutinadas pela razão e pelo compromisso de uma política de educação e cultura fundamentada pela rigorosidade epistemológica (conhecimento critico).
Um proposição dessa natureza se justifica pela propensão dos programas de atividade física e de artes marciais serem passíveis de manipulação ideológica, a partir de interesses mercantis e corporativos.
Em outras palavras, as L/AM/MEC não podem se constituir em panacéia ou proposta de redenção de problemas cmo violência urbana, indisciplina ou delinquência juvenil, prevenção de doenças fisicas e ou mentais etc…. Por analogico, comumente essa mesma linguagem é mobilizada em relação aos “pretensos beneficios do esporte”.
Contudo, cabe aqui sublinhar, que mesmo essas promessas associados de forma discutível frente aos “ganhos” das praticas esportivas ou marciais, existem possibilidades de uma intervenção qualificada a partir dessas manifestações por parte múltiplos agentes sócio-educacionais na direção do desenvolvimento humano.É importante lembrar que as lutas e artes marciais não foram necessariamente criadas para crianças, adolescentes e jovens em determinadas modalidades ou estilos. Também convém observarmos que, muitas manifestações não se estruturaram a partir do conceito de cidadania presente em nossa cultura. A noção de saúde e bem estar não se coadunam inteiramente com as concepções contemporânes de medicina. As tecnícas corporais e sua respectivas pedagogias são orientadas em suas “especificidades” e finalidades a partir de proposituras muito distintas, sobretudo, aquelas destinadas para “finalizar seus oponentes”, “subjugá-los”ou
ïncapacita-los”mediante um confronto ou combate.
As questões acima mencionadas nos obrigam a pensar sobre a “pedagogia do movimento” no contexto das L/AM/MEC. A sociedade atual exige uma atualização didática e metodológica para o cidadão e cidadã da contemporaniedade. As artes marciais na escola, na empresa na ONG, nos centros esportivos, no clube, na academia, na clinica, na escola de “EDUCAÇÃO INFANTIL” nas politicas de educação, esporte e lazer, clamam por ressignificação e contextualização desses fenomenos.
Um processo dessa natureza, face á relevância e as possibilidaes de interferência positiva sobre a formação do sujeitos envolvidos com essas práticas, pressupõem diagicidade critica e solidária entre todos aquels que precisam e elaboram as L/AM/EC.
Ponderenado as argumentaçoes dispostas anteriormente, nos deparamos também de forma frequente com educadores e educadoras, mobilizando grupos diversos no seu aperfeiçoamento moral, fisico, emocional e cultural a partir de uma utilização coerente e consistente de sistemas corporais de “combate simbólico” (L/AM/MEC) como instrumentos privilegiados de investimento nas inteligências e sensibilidades humanas.
A elaboração histórica das diferentes modalidades de L/AM/MEC se deve, sobremaneira, ás contribuições de diferentes atores sociais.
A diversidade humana, neste caso, se impõe com vigor e premência como fenômeno, de forma que multiplicidade das formas e linguagens de expressão corporal se situe no dinamismo da historicidade humana.
Assim sendo, esse patrimônio cultural implica conhecimentos de diferentes procedências, que vão desde os fundamentos empíricos técnicos e práticos; passando pela dimensão estética, subjetiva e intuitiva; e recebendo as contribuições do imperativo cientifico. Enfim o referido campo social, é produto de elaboração coletiva e de dominio público, o que nos convoca para o reconhecimento das contribuições multilaterais (não sendo propriedade exclusiva de ninguém!). Sob essa ótica, entendemos que uma aproximação acadêmica, profissional e plural, seja condição indispensável para elaboração de uma “pedagogia das Artes Marciais” apropriada as demandas ao mundo atual.
A partir dessas premissas, dada magnitude com que esses discursos e ações vêm tomando, nos disponibilizando para uma reflexão sobre a responsabilidade premente e inerente do processo de preparação de recursos humanos para planejamento, organização, intervenção e pesquisa nessa esfera cultural. Essas questões nos impulsionam para a proposição do II fórum Paulista de Artes Marciais, que por ora se inicia.

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