Mestre Leo Imamura
Introdução
Antes de repensarmos a questão da instrução, docência e maestria no contexto das lutas e das artes marciais, é fundamental expressarmos o nosso entendimento sobre estas práticas e suas consequentes distinções.
De início, buscaremos um entendimento sobre a instrução, a docência e a maestria, suas relações e seus desdobramentos enquanto transmissão de uma atividade para a busca daquilo que podemos chamar de "fazer com excelência".
Em paralelo, proponho uma reflexão sobre a idéia de luta e sua importancia no âmbito antropológico, enquanto manifestação do eu contra o mundo até o entendimento desse mesmo eu com esse mesmo mundo. Já as artes marciais têm um papel cultural mais definido, visto que ela expressa a luta dentro de aspectos estéticos que se baseiam nos valores expressados em cada civilização.
Por fim, confrome o tema proposto por este fórum, faremos uso do processo transformativo das lutas em artes marciais como pano de fundo para ressignificação da instrução, docência e maestria dentro dos mais diversos cenários da necessidade humana, onde propostas distintas em diferentes momentos historicos podem justificar suas respectivas importâncias.
Instrução, Docência e Maestria
A instrução é o que exerce o instrutor, ou seja, aquele que exerce o ato de instruir, cuja origem latina pode significar "prover de informação". Parece que o cerne da instrução está na transferência de conhecimento. O que a torna extremamente válida numa realidade imediatista, onde o fluxo de informação é alucinante.
Já a docência está relacionada com a ação de ensinar. Embora não explicada, o vinculo da docência com a educação parece mais sólido do que esta com a instrução. Ainda que ambas, docência e instrução possam servir áquela.
Por fim a masestria, enquanto conhecimento profundo a respeito de algo, parece relacionada á ação de aprender. Um aprender a apartir do outro para si mesmo. Muitas civilizações associam a maestria á sabedoria, já que a primeira promove a importância de se estender o dominio especifico de uma determinada área e expandí-la para o cotidiano.
Lutas e Artes Marciais
A luta é o ato de lutar. É um termo genérico de enfrentamento, particularmente na condição de corpo-a-corpo. O vernáculo nos oferece algumas acepções:
1. enfrentar em corpo a corpo (um adversário) visando obter a vitória. "lutou com um adversário mais forte" ou "os dois lutarem até cair".
2. bater-se (com ou sem armas); brigar, combater, pelejar, pujar. "lutou contra o próprio irmão".
ou " os dois exercitos lutaram ferreamente"
3. opor-se a (alguém um grupo) com determinação para impor sua supremacia, fazer prevalecer seus interesses, vontades, ideias etc. "lutou sozinho contra a diretoria"
A essecência da luta parece concentra-se no embate, confronto, no enfrentamento, na oposição, na imposição, no esforço.
Sua riqueza está no desprendimento da energia e sua consequente geração. Seu valor está na tomada de posição e sua susequente defesa. Se o prevalecimento está no âmago da luta, então vencerá o mais forte. Devo me esforçar para ser mair forte do que o outro, ou seja, ser superior nos valores que a luta será parametrizada.
Mas e o considerado fraco? Ele não quer ter sua vitoria? Mas como ele poderá tomar a posição daquele considerado o mais forte?
Como analisar os aspectos que vão determinar a vitória nos seus mais amplos parâmetros? Quais seriam os niveis de prevalecimento?
Surge então a necessidade de estudar a luta, pois talvez os opositores não estejam lutando pelos mesmos objetivos.
Essa necessidade de avaliar de parametrizar permitiu que o mais fraco fisicamente saisse das amarras da supremacia física. A técnica surge para virtualizar o movimento e tornar-se muito mais que um procedimento operativo do movimento.
Nesse momento, começa a brotar a semente das artes marciais.
Percebe-se que a luta nem sempre leva a vitória. Em outras palavras, nem sempre o que lutou mais sai vitorioso. Nota-se também que fatores externos aos contendores participam ativamente do resultado final do combate. Assim, as condições metereológicas ou geográficas tem seu papel significado no palco da guerra.
Mas foi na China que esta tendência atingiu seu extremo. O vestigio desse conhecimento popularizou-se através da obra de Sun Tzu, o legendário estrategista chinês que viveu no Período do Estados Combatentes.
Falo de vestigios pelo fato que a popularização da obra não permitiu necessariamente seu entendimento. Sua contribuição está muito além do que a citação de aforismo de efeito tipo "conheça a si e seu inimigo e terá cem vitórias em cem batalhas".
Sun Tzu propôs o que o Albert Galvany chamou de femilização da guerra. Mais importante que impor, é perceber o outro. Mais imprativo que lutar, é identificar o potencial de situação que permitirá a vitoria antes de lutar.
Como nos brinda François Jullien, Sun Tzu representa o pensamento onde não se luta para vencer, mas sim só se luta quando a vitória está assegurada.
Mas como é possivel identificar de antemão a vitória? Jean Levy oferece-nos um conceito que permitira entender Sun Tzu: a ideia de "indicio significante". São os sinais normalmente não percebidos, mas que são fundamentais para a configuração de um futuro. Voltando para a luta como desferir um golpe e saber que iremos acertar antes de desferi-lo?
Mas quem seria o portador dessas valiosas informações que permitiria a minha vitória? Mencius um famoso sábio chinês, propagava a importância do desenvolvimento humano, pois o adversário não é seu inimigo, é apenas alguém que está do outro lado e será exatamente ele que me informará sobre sua própria vulnerabilidade. Obviamente, que isso não será intencional, por isso um outro nivel de relação deverá ser constituida entre ambos os lados.
Assim, a arte marcial, em seu patamar mais elevado, é expressada antes que o combate se trave e será o desenvolvimento humano o fator preponderante no exercicio da inteligência estratégica.
Se na luta, o confronto parece ser sua essência, na arte marcial encontra seu equivalente no encontro. Ambos os vocábulos, confronto e encontro, podem ter suas semelhanças etimologicas, mas com grande dicrepância no entendimento vernacular. Encontros não resultam em confronto quando há um respeito pela ação do outro.
A palestra
Minha palestra expõe uma reflexão sobre como o contexto da luta e Arte Marcial poderia sucitar uma ressignificação da instrução, docência e maestria, a ponto de, particularmente o último, ter uma representação quase que exclusiva em seu contexto. Essas caracteristicas fazem com que dúvidas surjam com relação ao significado da maestria na arte marcial e o seu personificador, o mestre de Artes Marciais. Questões como o processo de maestria no campo das artes marciais, bem como a qualificação do chamado mestre de artes marciais compõem uma importante parte da minha exposição.
Leo Imamura é orientador estratégico de pessoas. Sua atuação é fundamentada no Sistema Ving Tsun, sistema de inteligência estratégica com base no desenvolvimento humano, reconhecido como patrimônio cultural intangível Chinês. Discipulo de Grão-Mestre Moy Yat, um dos maiores mestres da área do seculo XX, Imamura honra seu legado ao contribuir com sua expertise em diversos segmentos da sociedade.
Formulário de contato
terça-feira, 18 de maio de 2010
Lutas e Artes Marciais, Repensando a questão da Instrução, Docência e Maestria.
Marcadores:
artes marciais
,
artes marciais asa sul
,
artes marciais brasilia
,
aulas kung fu
,
leo imamura
,
moy yat ving tsun
,
ving tsun
,
ving tsun brasilia
,
wing chun
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Nenhum comentário :
Postar um comentário